Dia desses, um interlocutor perguntava à presidente do Supremo Tribunal Federal, ministra Carmem Lúcia, como ela estava lidando com as coisas. A resposta: “E eu nem posso lhe dizer que coisas”.
Agora, as “coisas” começam a surgir. Carmem Lucia é apontada como quem autorizou todas as investigações que hoje põem o governo em xeque. Ontem à noite, ninguém dava um vintém pelo governo de Michel Temer. O problema é saber quanto tempo o governo conseguirá fazer soar as trombetas da resistência.
O presidente Michel Temer é um homem que viverá os próximos dias envolto em aflições sem soluções fáceis. Na Câmara, a oposição prepara uma avalanche de pedidos de impeachment. No Ministério Público, um pedido de investigação por atos praticados no mandato. Se, por acaso, o presidente renunciasse hoje para escapar de tudo __ algo que ele não dá sinais de que fará __ iria para a jurisdição de Sérgio Moro Isso se o Supremo Tribunal Federal não considerar que ele e o deputado Rodrigo Rocha Loures devam ficar na mesma instância, ou seja, no STF.
Para quem não acompanhou o noticiário, Rocha Loures é acusado pelos donos da JBS de receber R$ 500 mil em uma mala. É um dos mais fiéis aliados de Michel Temer. Passou o início do governo Temer em um cargo de assessor especial no Planalto. Com a ida de Osmar Serraglio para o Ministério da Justiça, abriu-se a vaga para Rocha Loures assumir o mandato. O fato de Rocha Loures, suplente, ter assumido lhe garante agora o foro privilegiado para responder criminalmente no STF.
Tudo isso foi conversado nesta madrugada entre aliados do presidente Temer. Já há quem especule inclusive sobre a eleição de um presidente para cumprimento de um mandato tampão até dezembro de 2018.
O PT fez uma reunião há pouco e concluiu que o melhor para o momento é acelerar a Proposta de emenda constitucional que fala em eleição direta em caso de afastamento do presidente da República. Falta combinar com a base aliada de Michel Temer, um grupo que ainda não disse nem que sim nem que não. Vejamos os capítulos desta manhã daqui há pouco.