O discurso de Ciro Gomes hoje para as centrais sindicais em defesa da liberdade do ex-presidente Lula deixa clara a estratégia que ele adotará a partir de amanhã, quando será oficializado candidato do PDT à Presidência da República. Ele foi direto ao dizer que o “Brasil nunca será um país em paz enquanto o companheiro Luiz Inacio Lula da Silva não restaurar a sua liberdade”. Para bons entendedores, o recado está claro: Ciro quer os votos petistas.
O PDT e eu candidato sabem que Lula dificilmente conseguirá o registro da candidatura. Ele é condenado em segunda instância e a Lei da Ficha Limpa proíbe candidaturas de quem é condenado em segunda instância. O PDT e Ciro também sabem que o jogo do PT é deixar para trocar de nome quando todas as chances de o ex-presidente figurar na urna estiverem esgotadas. Logo, até lá, o PT oficialmente estará fora da corrida eleitoral. Os pedetistas dizem que esse é o tempo que Ciro precisa para tentar consolidar uma posição do eleitorado petista.
Ciro espera ainda reforçar essa possibilidade no próximo dia 30 de julho, quando deve obter o apoio do diretório nacional do PSB. Assim, quando o candidato petista, seja quem for, entrar no salão dos candidatos oficiais, os pares já estarão formados.
Outro partido que Ciro espera atrair enquanto Lula está preso é o PCdoB. Os comunistas têm reuniões ao longo do fim de semana para avaliar cenários, pesquisas e decidir se mantêm a candidatura de Manuela D’Ávila ou seguem com outro candidato do campo das esquerdas. São três vertentes: Uma quer Manuela, outra prefere Ciro e ainda tem quem esteja disposto a esperar um pouco mais para esperar pelo PT.
Uma coisa nesse mar de incertezas é certa: Se Lula conseguir ao menos registrar a candidatura desmontará tanto o castelo de Ciro quanto o de Geraldo Alckmin. Esse é o maior pesadelo do pedetista e do tucano.