Coluna Brasília-DF
Ao fazer as pazes com o ministro da Economia, Paulo Guedes, o atual presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), volta a ocupar espaço central no tabuleiro de forças com poder de comando. Há uma semana, o empoderado era o líder do Centrão, Arthur Lira (PP-AL), e o líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR). Agora, o pêndulo do poder político volta para Maia.
Em tempo: na área econômica, a conversa também recoloca Guedes no centro das negociações com o Congresso, ao lado do ministro da Secretaria de Governo, Luís Eduardo Ramos. Nessas conversas congressuais, o espaço de Guedes começava a ser ocupado pelo ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho.
Agora, com Maia e Guedes em paz, o desafio é destravar a pauta das reformas cada vez mais enrolada pela disputa de poder entre as forças políticas no Congresso.
O nó das Comissões técnicas
Faltando menos de três meses para o recesso parlamentar, a disputa pelas comissões técnicas da Câmara ganha um novo ingrediente, uma vez que os deputados querem ser escolhidos agora e, de quebra, continuar no cargo por todo o ano de 2021. Logo, a confusão está criada.
Difícil desatar
Não há previsão para instalar sequer a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Casa, considerada estratégica para o andamento das reformas e primeira escala de todos os projetos na Câmara, inclusive a proposta de emenda constitucional que abarcará o Renda Cidadã.
Oposição na lida
Os partidos de oposição deflagraram um movimento para que nada seja votado na Câmara até que Rodrigo Maia resolva colocar em pauta a medida provisória que baixou o valor do auxílio emergencial para R$ 300. A ordem é insistir nos R$ 600. Em ano eleitoral, o apelo é forte.
Luz amarela na popularidade
A pesquisa eleitoral do Ibope em várias capitais deixou o Planalto certo de que, apesar de o presidente Jair Bolsonaro ter recuperado a popularidade, será preciso montar um projeto com atenção especial aos centros urbanos.
É que as pesquisas mediram também a avaliação do governo. Preocupa, por exemplo, Salvador, onde o índice de avaliação ruim e péssimo foi de 62%, o mais alto entre as cidades pesquisadas.
Barrada pela pandemia/ Autor da proposta de emenda constitucional que estabelece a prisão em segunda instância, o deputado Alex Manente (Cidadania-SP) se desdobra em apelos para que a Comissão Especial retome seus trabalhos, uma vez que já estava tudo pronto para a emenda ir a votos. Até agora, nada.
Vou ali e já volto/ Rodrigo Maia tirou o time de campo na guerra entre Elmar Nascimento (DEM-BA) e Arthur Lira (PP-AL) pela presidência da Comissão Mista de Orçamento. Não fará movimentos contra a deputada Flávia Arruda (PL-DF), mulher do ex-governador José Roberto Arruda, que já foi do DEM.
Justiça & religião/ A fala do presidente Jair Bolsonaro, num templo em São Paulo –– “já pensou uma sessão do Supremo Tribunal Federal abrir com uma oração?” –– foi vista no meio jurídico como totalmente descabida. Afinal, a Bíblia do STF é a Constituição Federativa do Brasil. E ministros devem ser nomeados pelo notório saber jurídico e não por serem terrivelmente evangélicos, católicos, umbandistas, judeus ou muçulmanos.
Recesso branco, poeira baixa/ A ideia do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), em fixar um recesso branco nesse período eleitoral é considerado o prazo final para que os líderes cheguem a um acordo sobre vários temas pendentes. Do financiamento do Renda Cidadã à presidência da Comissão Mista de Orçamento.
O adeus ao decano/ A emocionante sessão da Segunda Turma do STF, que marcou a despedida de Celso de Mello do colegiado, foi vista com alívio pelos políticos enroscados na Lava-Jato e com processos pendentes de julgamento ali. Agora, a esperança das excelências é que o futuro ministro Kassio Nunes Marques assuma logo para virar o jogo a favor dos parlamentares. Em tempo: o PT esperava o mesmo de Luiz Fux e Edson Fachin, e terminaram frustrados.