Ao reservar um dia para ouvir apenas o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello, a cúpula da CPI da Covid deixa transparecer que é ali onde o G-7 colocará a fim de saber todos os bastidores sobre o uso da hidroxicloroquina, a não-assinatura do contrato com a Pfizer e as alegações dele sobre a tragédia da falta de oxigênio em Manaus. E é bom o ex-ministro Pazuello se preparar, porque, conforme avaliação dos senadores, ele poderá ser convocado novamente, caso os documentos que vão chegar de Manaus indiquem que o governo estadual e/ou municipal pediram ajuda e ficaram a ver navios.
Em tempo: Pazuello até aqui não pretende fazer qualquer declaração que prejudique o presidente Jair Bolsonaro ou qualquer outra autoridade palaciana. Aliás, a presença do general semana passada num evento em Manaus, foi vista como um sinal de que está tudo bem entre eles. Mas, sabe como é: Vale para os depoimentos em CPIs a mesma máxima que vale para esse tipo de comissão, ou seja, todo mundo sabe como começa, mas ninguém sabe como termina.
Imagens para a campanha
A equipe do presidente Jair Bolsonaro vai guardar todas as imagens da chegada de vacinas, para contrapor àquelas em que o capitão dizia que a vacina chinesa não seria comprada.
Guerra de narrativas
O governo acredita que essas imagens e o incansável exército de Bolsonaro nas redes sociais serão mais que suficientes para fazer valer a versão de que o governo sempre apostou nos imunizantes. Inclusive para o discurso governista na CPI.
Cimento a preço de banana?
Estudo do Sindicato Nacional da Indústria do Cimento (SNIC) aponta que, apesar do aumento dos preços das commodities, em especial, o petróleo, ter afetado o setor cimenteiro, o valor do produto por aqui ainda é um dos mais baixos do mundo, atrás dos Estados Unidos, Canadá, espanha e de vizinhos, como Argentina, Uruguai e Bolívia.
Nem tanto
O levantamento exclui os custos de transporte, que, no Brasil, são muito elevados, o que significa que a infraestrutura logística do país continua a pressionar preços, não só do cimento, mas de vários produtos. Presidente do Snic, Paulo Camillo Penna lembra que os custos dos insumos vêm sendo pressionados também pelo impacto do câmbio nos combustíveis, pelo aumento dos custos logísticos, de peças de reposição, refratários, papel e papelão.
CURTIDAS
Izalci no ataque/ Dos 50 requerimentos que apresentou à CPI da Covid, o líder do PSDB,Izalci Lucas (DF), saiu com o que mais desejava. Os pedidos de informações sobre a Operação Falso Negativo, que investigou aplicação e compra dos testes de detecção de covid no Distrito Federal. Há quem diga que é material que vai servir a futuros embates políticos.
Renan na defesa/ O relator da CPI, senador Renan Calheiros, inicialmente, foi contra esses pedidos e também a convocação de governadores e a criação de sub relatorias. Olhando para Izalci, Renan respondeu: “Quem tem algum problema com o seu governador, não é aqui que vai resolver”.
Alento/ A chegada das vacinas da Pfizer no dia em que o Brasil ultrapassou a terrível marca de 400 mil mortes foi um atenuante para o desgaste governamental. Não por acaso, foi uma comitiva para receber os imunizantes, inclusive o ministro das Comunicações, Fábio Faria, citado como um provável candidato a vice na chapa presidencial: “Em breve o país será um dos sete países produtores de vacinas contra covid”, disse ele, o primeiro dos ministros a se pronunciar durante a chegada das vacinas.
Ex-ministro nos bastidores/ A CPI não viverá só de ex-ministros da Saúde convocados a prestar depoimento. Nos bastidores, assessorando o PT, está o ex-ministro Arthur Chioro, que atuou ali no governo da presidente Dilma Rousseff, antes de a então presidente se ver obrigada a entregar o cargo para o MDB.