Aliados do presidente da Câmara, Rodrigo Maia, já avisaram aos partidos da coalizão de Michel Temer que, em caso de uma derrota do peemedebista na Casa, os ministros palacianos serão os primeiros a serem substituídos. Em relação ao titular da Secretaria-Geral da Presidência, Wellington Moreira Franco, sogro de Rodrigo, esses aliados do deputado do DEM trazem em seus celulares uma cópia da Súmula Vinculante 13, do Supremo Tribunal Federal (STF), que determina a substituição. Diz o texto: “A nomeação de (…) parente em linha reta, colateral ou por afinidade até o terceiro grau, inclusive, da autoridade nomeante (…) para o exercício de cargo em comissão ou de confiança em função gratificada na administração pública (…) viola a Constituição Federal”.
Cá entre nós: se a turma de Rodrigo Maia já anda com a cópia da súmula vinculante do STF, é sinal de que, embora o presidente da Câmara jure fidelidade a Temer, tem gente correndo léguas em nome de um novo ciclo de poder com a mesma base aliada que levou o PMDB ao comando do Planalto. E sem Moreira no primeiro escalão.
O que interessa
O fim da força-tarefa da Lava-Jato deixou os investigadores da Polícia Federal em alerta. Até agora, ninguém disse, por exemplo, o que será feito com toda a papelada e arquivos digitais que ainda estavam em análise. Há muito material que precisa ser objeto de cruzamento com fases antigas da operação. Se esses documentos ficarem dispersos ou inacessíveis, aí sim, será real o risco de desmonte das investigações de parte das apurações ainda em curso, especialmente as que envolvem políticos.
Fiéis protegidos
A perspectiva de delação do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha deixou os deputados em alerta. Há quem aposte que o peemedebista protegerá aqueles que ele ajudou financeiramente e que não o abandonaram quando da derrocada.
Se correr, o bicho pega…
Aliados do antigo Centrão (PP-PR-PTB) comentam nos bastidores que Michel Temer está demorando demais para reorganizar o governo sem o PSDB. Ocorre que, no Planalto, há quem diga que, se Temer tirar os tucanos, aí sim, a ala que apoia o presidente não terá mais compromisso com o governo.
… Se ficar o bicho come
O caso é que, se a ala tucana que emposta a voz em nome do afastamento do governo continuar falando sem que nada aconteça, os demais partidos da base vão achar que podem encorpar esse movimento sem consequências.
Sintoma
Ministros que há duas semanas não tinham se mexido para tentar ajudar o presidente Michel Temer passaram os últimos três dias dedicados a parlamentares. Sinal de que a coisa não está tão tranquila.
Coincidências/ A primeira viagem de Michel Temer como presidente efetivo, em setembro de 2016, foi para o encontro da cúpula do G-20, na China. Ele embarcou horas depois de ser empossado. Agora, com o pedido de afastamento prestes a ser analisado pela Comissão de Constituição e Justiça, ele volta ao G-20.
Chegou mal/ Recém-criado, com um discurso de renovação da prática política, o Podemos começa a deixar suas estrelas sujeitas a explicações sobre atos de filiados. Ontem mesmo, o senador Álvaro Dias (foto), uma aposta para a Presidência da República, almoçava tranquilamente no restaurante do Senado, quando um servidor se aproximou e disse: “E aí, senador, seu partido mal começou e já tem um preso?”
Saiu-se bem/ O preso foi o prefeito de Bayeux (PB), Berger Lima, do Podemos, afastado do cargo depois de ser flagrado recebendo R$ 4 mil de um empresário. “Vamos resolver isso, o partido não tolera esse comportamento”, disse o senador. A ideia dos integrantes da legenda é expulsar o prefeito.
Se não correr…/ O Podemos brasileiro tem como base o PTN, que se aproveitou da popularidade do partido de esquerda espanhol e mudou de nome. Se demorar a afastar os enroscados da legenda, vai virar “prendemos”, isso para usar uma expressão que pode ser lida pelas crianças. Em conversas reservadas, os políticos têm usado expressões mais chulas… Por exemplo, citar o nome da legenda com “ph”, para se referir ao partido.