Passagem de bastão e de discurso

Publicado em coluna Brasília-DF

Em caso de condenação hoje no Tribunal Regional Federal da 4ª Região, o ex-presidente Lula planeja reforçar o time de advogados, contratando um “medalhão” para cuidar do processo nos tribunais superiores. O reforço periga tirar da linha de frente Cristiano Zanin, considerado meio centralizador e dado a enfrentamentos por vários petistas, como registrou ontem a coluna. A passagem de um tribunal para outro é vista por vários integrantes do PT como a janela para promover a mudança.

» » »

Enquanto os juristas cuidarão do processo, Lula estará nas ruas e nas redes, exercendo o dom de falar diretamente ao coração do eleitor. Aos poucos, o discurso deixará de lado o mérito dos temas em julgamento e cuidará dos problemas que afligem o brasileiro, como o preço da gasolina, o Bolsa Família, a segurança, o preço da passagem de ônibus e por aí vai. Será uma campanha eleitoral travestida de defesa, ensaiada ontem em Porto Alegre, onde os petistas terminaram o ato comemorando o fato de ter resgatado seus militantes.

» » »

Essa batida não mudará até a data de registro da candidatura no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). É lá — e não no TRF-4 — que o PT jogará a batalha mais importante este ano. E o processo de hoje? Em caso de condenação, a última instância, o Supremo Tribunal Federal, só analisará o caso em 2019. Aí, já será outra história.

A hora dos interinos

Já na sua primeira reunião, o Conselho de Administração da Caixa Econômica Federal matou qualquer plano do governo de indicar novos vice-presidentes para o lugar dos três destituídos ontem. Porém, os políticos não perderam as esperanças. Como a seleção dos futuros titulares ficará para 2019, ainda há uma brecha para a política no período de interinidade deste ano eleitoral.

Latente

O julgamento de Lula tirou de cena o mal-estar entre a presidente do Supremo Tribunal Federal, ministra Cármen Lúcia, e o Poder Executivo. Em conversas reservadas, ministros de Michel Temer têm dito que, se estivessem no lugar do presidente, nomeariam Cristiane Brasil ministra e ponto. Aliás, essa é uma prerrogativa do presidente da República. O clima só não esquentou porque Temer é paciente.

E o Livres rachou

O movimento Livres não vai em bloco para uma legenda. Enquanto quatro de seus líderes já se decidiram pelo partido Novo, o presidente nacional do movimento liberal, Paulo Gontijo, e o vereador Lucas de Brito, de João Pessoa (PB), flertam com a Rede Sustentabilidade, de Marina Silva, e o PPS do ministro da Defesa, Raul Jungmann.

Não mexeu comigo/ Com Lula sob julgamento hoje, a maioria dos pré-candidatos a presidente da República fez declarações protocolares e se manteve recolhida. Sabe como é, com decisão judicial não se brinca.

Mexeu com ele/ A repórter Simone Kafruni, do Correio, flagrou o deputado Celso Pansera (PMDB-RJ) em Porto Alegre, no meio da multidão, em apoio a Lula. Ex-ministro da Ciência e Tecnologia de Dilma, ele pretende deixar a legenda em março, quando haverá a janela para troca de partido.

Sem teste/ Não foi desta vez que Lula testou sua popularidade. Foi para Porto Alegre de jatinho e não de avião de carreira.

Maia, o discreto/ Por onde passa, o presidente em exercício, Rodrigo Maia (foto), ouve a pergunta: “E aí, você será candidato a presidente?” A resposta, que há alguns meses era não e ponto, agora sai assim: “Com 1% não, mas, se melhorar, posso pensar”.