Por Carlos Alexandre de Souza — Os recentes números divulgados pelo Anuário Brasileiro de Segurança Pública indicam uma variedade de problemas e desafios acerca da violência no Brasil e do combate à criminalidade. Esses temas demandam ações coordenadas pelo governo federal, mas também implicam o engajamento de estados e municípios.
Como se sabe, houve uma redução de 3,4% no número de mortes violentas em 2023, com 46.328 homicídios intencionais registrados. Trata-se de uma evolução positiva desde 2017, quando o país alcançou a assustadora marca de 64.079 óbitos causados por conflitos. O cenário nacional, entretanto, continua a preocupar e demanda ações urgentes por parte da União, dos estados e dos municípios.
Das 27 unidades da Federação, 18 registram taxas de homicídios acima da média nacional, de 22,8 mortes por 100 mil habitantes. Apesar da redução no total geral de casos, seis estados tiveram aumento de mortes violentas: Amapá, Mato Grosso, Pernambuco, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais e Alagoas. Além do estado amazônico, que abriga a cidade mais violenta do país (Santana), a Bahia concentra seis dos 10 municípios com maiores taxas de homicídio no Brasil.
Muitas frentes
Os dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública impõem um desafio ao governo federal. O Ministério da Justiça aposta na integração entre as diversas forças de segurança para combater a violência. Essas ações envolvem medidas variadas, como o enfrentamento ao crime organizado, resolução de conflitos agrários, modulação de operações policiais e prevenção à violência doméstica.
Armados
Essas medidas se mostram de vital importância. No Congresso Nacional, são visíveis as iniciativas para reduzir as restrições para posse de armas, medida que vai de encontro da política do governo Lula pelo desarmamento.
Fique atento
As eleições municipais de outubro constituem uma ótima oportunidade para o eleitor se inteirar das propostas. Nesse debate, é incontornável cobrar dos candidatos o que eles propõem para dar maior eficiência à polícia, tanto na segurança ostensiva quanto no trabalho investigativo.
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O preço da dengue
Um estudo publicado por pesquisadores brasileiros na revista Science mostra o custo da ineficiência no combate à dengue. No artigo, os autores estimam que a doença provocou um prejuízo de R$ 28 bilhões. O cálculo leva em conta os gastos com internação e tratamento, bem como impactos no mercado de trabalho.
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Alerta
O artigo, assinado pelos professores Claudio Lira (UFG), Rodrigo Lira (Ufes) e Marília Andrade (Unifesp), evidencia a urgência de se melhorar a prevenção contra a doença que matou ao menos 4,7 mil brasileiros em 2024 e somou mais de 6,3 milhões de casos prováveis. Espera-se, ainda, que a implementação da vacina reverta esse alto preço pago pela saúde pública brasileira.
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Rio econômico
Os rumos da economia global e o papel dos países do G20 serão temas de debate no Rio de Janeiro esta semana. De 22 a 26 de julho, a cidade sediará o encontro de vice-ministros, ministros de Finanças, vice-presidentes e presidentes dos Bancos Centrais das maiores economias do mundo. A reunião faz parte da Trilha de Finanças, um dos eixos que serão tratados na reunião de cúpula do G20 marcada para novembro na capital carioca.
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Não é assim
Enquanto o presidente Lula defende a não interferência nas eleições da Venezuela — “eles que elejam quem quiserem”, disse na sexta-feira —, cinco países latino-americanos divulgaram manifesto conjunto no qual advogam “o fim do assédio e da perseguição e repressão” a opositores do presidente e candidato à reeleição Nicolás Maduro.
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Visões opostas
O documento, assinado em conjunto pelos governos de Argentina, Uruguai, Paraguai, Costa Rica e Guatemala, deixa claro a divergência de visões sobre o pleito venezuelano. O Brasil tem mantido uma postura controversa em relação ao regime de Maduro, que previu um “banho de sangue” caso seja derrotado nas urnas no próximo domingo.