O vice-presidente, Michel Temer, fez chegar aos partidos que ajudaram a aprovar o impeachment na Câmara que eles deverão participar do governo. Ocorre que quem tem candidato a presidente com chances reais não quer se comprometer a esse ponto. Isso porque muitos estão convictos de que, se o governo der certo, Temer não terá como deixar de concorrer a um “mandato cheio”.
Temer tem dito a vários parlamentares que não é candidato, mas, nos partidos, há quem defenda uma manifestação mais clara dessa decisão, que não deixe dúvidas. Por enquanto, os aliados terão que se contentar com as declarações de potenciais ministros, como Eliseu Padilha. Questionado sobre a disposição de Temer, ele respondeu: “Todos temos que pensar nas próximas gerações e não nas próximas eleições”.
Decisão tucana
O PSDB pretende fechar uma posição sobre participação ou não num governo Michel Temer em 3 de maio. Até lá, ou Temer terá escolhido um nome para ministro da Fazenda ou José Serra ficará ciente de que, se for candidato a presidente, estará fora de um futuro governo.
“Não foi um ‘era um garoto que, como eu, amava os Beatles e os Rolling Stones’. Foi um ‘London, London’. Está tudo bem”
Do ex-deputado Paulo Delgado, referindo-se ao discurso de Dilma na ONU
Largaram cedo
Pré-candidatos a presidente da Câmara já estão em pleno movimento nos bastidores. O líder do PSC, André Moura (SE), fez questão de ciceronear o ex-ministro Eliseu Padilha no périplo aos gabinetes no dia da votação da impeachment da Câmara. Jovair Arantes (PTB-GO), relator do processo, conversa com partidos de centro. E Rogério Rosso (PSD-DF), que presidiu a comissão do impeachment, corre por fora.
Questão de tempo
A avaliação de muitos é a de que, se Eduardo Cunha (PMDB-RJ) for obrigado a deixar o cargo antes da hora, insuflará os três para quem chegar a um segundo turno receber o apoio dos demais. Se o presidente da Casa conseguir concluir o mandato no período regulamentar, aí, só o tempo dirá quem terá fôlego para essa corrida.
CURTIDAS
Me dê motivo I/ Muita gente se perguntava dia desses por que a ex-governadora Roseana Sarney (PMDB) (foto), que apoiou a reeleição de Dilma Rousseff, foi uma das líderes da busca de votos a favor do impeachment. Simples: o Maranhão foi o estado onde Dilma obteve mais votos. E a presidente sequer telefonou para Roseana, a fim de agradecer o empenho.
Me dê motivo II/ Dilma tratou de se reaproximar de Flávio Dino, que, embora seja do PCdoB, não fez campanha para a presidente porque o PSDB fazia parte da coligação. Roseana não gostou.
Me dê motivo III/ Se tem uma coisa que o ex-presidente José Sarney (PMDB) tem como um tesouro na sua vida são os filhos, em especial, Roseana. Portanto, não será dele que Dilma obterá aquele apoio capaz de conquistar votos. Sarney tem conversado com muita gente, mas se diz “fora do circuito”.
Deslumbrou/ Antes de anunciar o voto em homenagem à memória do torturador Carlos Brilhante Ustra, o deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ) comentava com uma equipe que filmava os bastidores da votação. “Se o Datafolha me deu 8%, é sinal de que estou com 24%”, dizia.