Se tem um personagem com o qual o presidente Michel Temer não pretende brigar enquanto procede a reforma ministerial é o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). No papel de comandante da Casa e da pauta de votações, ele capitaneará a reforma previdenciária e, por tabela, a ministerial. A ideia no Planalto é que passe por Rodrigo inclusive a nomeação do futuro ministro das Cidades e as demais mudanças na equipe.
Até aqui, a reforma está no seguinte pé: a) Os partidos fizeram chegar a Temer que as mudanças pedidas de forma intensa nos últimos meses se referiam apenas aos espaços do PSDB no governo e não dos outros partidos; b) A parte tucana nas Cidades está feita, falta Antonio Imbassahy (secretaria de governo), que Temer manterá na equipe, em outro ministério; c) O partido que arrematar Cidades terá de ceder algum outro espaço na Esplanada para manter o equilíbrio na base; d) Se houver consenso entre os partidos para indicar um nome em comum para essa pasta, melhor. É nessa batida que termina hoje a semana de “decantação” da saída de Bruno Araújo do Ministério das Cidades.
Seguro eleitoral I
A pré-candidatura de Manuela D’Ávila, a ser apresentada oficialmente na convenção do PCdoB neste fim de semana, tem a missão de estancar as pressões para que os comunistas fechem logo apoio a um candidato. A ordem é ficar numa posição mais confortável para aguardar a evolução da conjuntura. A política está de um jeito que nem o PCdoB, que sempre apoiou o PT, se mostra disposto a fechar logo com o antigo aliado.
Seguro eleitoral II
Hoje, o PCdoB está sob forte pressão tanto do PT de Lula quanto do PDT, que pretende lançar o ex-ministro Ciro Gomes. Marina Silva, da Rede, (ainda) não entrou na roda de buscar o PCdoB. Se nenhum deles decolar, ou lá na frente o partido considerar melhor seguir sozinho no primeiro turno, sempre poderá dizer que essa era a sua primeira opção.
Cravo & ferradura
Políticos do Rio de Janeiro tratam como pule de dez a Alerj tirar Jorge Picciani da cadeia na sessão de hoje, da mesma forma que o Senado deu fim ao recolhimento noturno de Aécio Neves. Há dúvidas, entretanto, sobre a devolução do mandato. Assim, mandariam o deputado para casa, para não deixar o desgaste tão grande para o colegiado. Afinal, no ano que vem, tem eleição, e alguns da base de Picciani resistem a arcar com essa decisão.
Se arrependimento matasse…
… Jorge Picciani, talvez, não estivesse na cadeia. Em 2014, o todo-poderoso presidente da Assembleia Legislativa do estado do Rio de Janeiro pensou em não concorrer a mais um mandato eletivo. Terminou candidato. Agora sãos os filhos, seus herdeiros políticos, que vão pensar duas vezes antes de bater o martelo diante da incerteza do voto.
CURTIDAS
Temer lá fora…/ Em janeiro, antes de o país ingressar de vez na campanha eleitoral, o peemedebista aproveitará para exercitar a diplomacia presidencial. Vai a Cingapura, Malásia, Vietnã, Indonésia e Timor. Na volta, passa uma semana em Brasília e, em seguida, embarca para o Fórum Econômico Mundial do Ocidente, em Davos, na Suíça.
… num discurso para dentro/ Em Davos, o Brasil será homenageado. É que há uma confiança muito grande de que o país é uma grande potência, ainda que tenha “variações conjunturais”, conforme avaliação de diplomatas de outras nações que observam a economia nacional. A ordem é aproveitar para, mais uma vez, mostrar o que o governo tem feito de positivo.
O professor Sarney I/ O ex-presidente José Sarney (foto) embarca, na semana que vem, para Guadalajara, no México, onde vai ministrar a Conferência Magistral (aula magna) do dia de abertura da FIL 2017, a Feira Internacional do Livro, considerada a maior do mundo em língua espanhola.
O professor Sarney II/ O ex-presidente brasileiro falará 50 minutos sobre o livro e a internet. Há tempos, seus aliados não o veem tão animado com um evento em que pretende responder se a internet matará o livro. Sarney falará sobre a história da literatura e fará reflexões sobre a escrita. Do alto de seus 87 anos, com vários livros publicados, realmente tem muito a dizer.