O último dos moicanos

Publicado em coluna Brasília-DF

O último dos moicanos

O esforço do ex-presidente Lula para que o PT apoie Roberto Cláudio para prefeito de Fortaleza está diretamente relacionado ao projeto do petista de deixar as portas abertas para fazer de Ciro Gomes seu candidato a presidente em 2018. Ciro, hoje no PDT, é considerado um dos poucos nomes da política capaz de ir para o “tudo ou nada” contra o PMDB ou a trinca de pré-candidatos de PSDB – Aécio Neves, Geraldo Alckmin, José Serra.

O próprio Lula tem dito em conversas reservadas que os processos contra ele têm potencial para tirá-lo do jogo daqui a dois anos. E, se nada mudar, qualquer candidato do PT estará fadado a repetir o resultado que o partido obteve nessa eleição municipal. E Ciro, avalia Lula, com o apoio dos partidos de esquerda, teria pelo menos 15% dos votos. Esse percentual, combinado com uma pulverização dos partidos que apoiam Michel Temer, colocaria o ex-ministro no segundo turno. Diante desses cálculos, Ciro é hoje um jogador a ser acompanhado de perto.

Par de Valetes
O fato de ser Aécio Neves __ e não o diretório pernambucano do PSDB __ a anunciar o apoio neste segundo turno a Geraldo Julio, em Recife, e Antônio Campos, em Olinda, é uma forma de o presidente do PSDB tentar empatar o jogo com o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, dentro do PSB. Hoje, Alckmin tem o aval do vice-governador, Márcio França, enquanto Aécio busca o grupo de Pernambuco.

Par de Reis
Em São Paulo, entretanto, quem acompanha o jogo de Alckmin de perto, garante que ele será candidato à presidente da República, ainda que não seja pelo PSDB. Se o governador for para o PSB, o jogo de Aécio hoje em Pernambuco tende a somar zero.

Par de Ases
Dentro do grupo aecista, a ideia é jogar com a data das prévias no partido de modo a evitar que Geraldo Alckmin tenha prazo para pleitear a candidatura por outra legenda. Ou seja, lá para o início de 2018.

O jogo deles
Com a decisão do Superior Tribunal de Justiça, de colocar os processos contra governadores dependentes de autorização das assembleias legislativas, o toma-lá-dá-cá vai imperar entre deputados e executivos estaduais.

CURTIDAS

Dona Lu e as sandálias da humildade/ A primeira-dama de São Paulo, Lu Alckmin, disse adeus às grifes que fazem a cabeça da maioria das socialites e mulheres de políticos. A pedido do marido, fez voto de pobreza. Só usa roupas da assistência social. No geral, aliados de Alckmin reforçam: “Quem é bela não precisa de “perequetê”.

Marcela na área/ A estreia da primeira-dama, Marcela Temer, outra que não é dada a exibir o alto luxo, pelo menos, nas aparições públicas, foi vista como um sucesso no Planalto. Que ninguém se surpreenda se, num futuro não tão distante, ela enveredar numa candidatura a deputada.

Temer no foco/ Nem Marcela, nem a guerra de 2018. As atenções do presidente hoje estão voltadas à votação do teto de gastos. Enquanto não for aprovado, ele não cuidará de outros temas.

E o Haddad, hein?/ O que mais se ouve nas rodas políticas de São Paulo é que Fernando Haddad teria lugar num segundo turno em qualquer outro partido, que não o PT. “Haddad é um tucano filiado ao PT”.