O movimento do senador Aécio Neves de voltar à presidência do PSDB para tirar Tasso Jereissati do comando evitará que Michel Temer troque seus ministros antes da convenção tucana, em 9 de dezembro. A intenção de Temer é atropelada por um problema: o calendário da votação da reforma previdenciária. A intenção do governo é levar o tema ao plenário da Câmara na última semana de novembro. Portanto, antes da convenção que decidirá o comando partidário do PSDB. Nesse cenário, dizem alguns, resta ao presidente pactuar a troca de ministros para colocar em prática depois da escolha do futuro presidente do PSDB. O “Centrão” vai pressionar para que ocorra tudo antes da votação da Previdência. Essa será a maior queda de braço dos próximos 20 dias. E se depender da vontade exclusiva de Temer, não haverá troca de ministro nesse período.
Em tempo: o secretário de governo, Antônio Imbassahy, já é tido no Planalto como alguém da cota pessoal de Temer e não um ministro do PSDB. Falta combinar como PP, do deputado Arthur Lyra, que não vê a hora de ter outro político ocupando a cadeira de Imbassahy. E com o PMDB da Bahia, que resiste a entregar a filiação acolplada à vaga para o quase ex-tucano concorrer ao Senado no ano que vem.
Ultimato a Bolsonaro I
Azedou o clima entre o deputado Jair Bolsonaro e o Patriota, partido ao qual ele pretende se filiar para para ser candidato a presidente. A reunião ontem do conselho político do Patriota definiu um prazo até 11 de dezembro para manifestação dos filiados interessados em disputar a Presidência da República. E mais: o pessoal de Bolsonaro foi expulso da sala, sob a alegação de que não pertenciam ao conselho e nem eram filiados.
Ultimato a Bolsonaro II
Agora, ou Bolsonaro se filia e sai candidato ou vai buscar outro partido. Aliás, num áudio divulgado no WhatsApp da bancada, Bolsonaro acusa integrantes do partido de fazer um verdadeiro “leilão” da legenda: “Ou corta a cabeça desses caras ou eu estou fora. Vou para outro partido sozinho”, diz Bolsonaro na gravação.
Ultimato a Bolsonaro III
As mágoas dos deputados do Patriota em relação ao presidenciável são muitas. No Espírito Santo, o deputado estadual Rafael Favatto convidou Bolsonaro para uma visita ao estado. O candidato disse que não tinha agenda. Dias depois, lá estava Bolsonaro no estado na companhia de Manatto, do Solidariedade. Na visita ao Pará, o deputado que sonha com a Presidência fez cara de paisagem para o partido. Nesse clima, há quem diga que a porta da rua é a serventia da casa.
““Vou votar em Tasso Jereissati. Se eu tinha alguma dúvida, não tenho mais”
Wanderlei Macris (PSDB-SP), deputado, depois de saber da destituição do senador do cargo de presidente do partido. Macris é do grupo ligado a Geraldo Alckmin. Não dá um ponto sem combinar com o governador de São Paulo.
A reforma dos prepostos/ Na saída da Câmara, um deputado dizia torcer pela reforma ministerial agora, a fim de encontrar “um lugar melhor” para o ministro de Comunicações, Ciência e Tecnologia, Gilberto Kassab. “Ué, mas ele não sai daqui a quatro meses para ser vice na chapa de José Serra?”, perguntou a coluna. “Ih, é…Ah, mas ele põe um secretário executivo dele, sai e continua mandando.”
E aí, não vai encarar?/ Na reunião de deputados com Michel Temer para tratar da reforma da Previdência, eis que aparece uma mensagem de WhatsApp na tela de Rodrigo Maia, do tipo, “a reunião vai ficar por isso mesmo, ninguém vai cobrar nada.” Coincidência ou não, Maia pediu a palavra e foi direto: “Antes da reforma da Previdência, é preciso resolver a política”. Leia-se, troca de ministro e atendimento ao baixo clero.
Queixa/ O que mais se ouve no plenário da Câmara é: “Os líderes estão ganhando tudo do governo. Os liderados, nem tanto”.
Todo o prestígio ao PSB/ Enquanto o comando nacional do PSB despreza o governo, os ministros tratam de mostrar que, se depender deles, não haverá retaliação. Ontem mesmo, o ministro do Esporte, Leonardo Picciani (foto), foi a Planaltina de Goiás ao lado da senadora Lúcia Vânia (PSB-GO) ouvir a comunidade e autoridades do município e acenar com projetos desportivos para a região, como o programa Segundo Tempo.