DENISE ROTHENBURG — Líderes partidários acertaram a derrubada do veto aos R$ 3,6 bilhões do Orçamento, mas ainda está longe de se conseguir um entendimento para os vetos das “saidinhas” de presos e o que fixa o calendário para liberação das emendas. O governo considera esses vetos inegociáveis, mas nem a avalanche de emendas liberadas nos últimos dias serviu para que as bancadas aceitassem mantê-los. O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), não tem mais argumentos para adiar essas votações. Afinal, a próxima semana será uma das poucas de muito movimento, antes das festas juninas e das campanhas.
Sintonia com o eleitor
A vontade do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), em vincular parte das emendas para mitigar as consequências de desastres naturais não terá tanta dificuldade na Câmara. É que, diante das mudanças climáticas, a maioria dos estados brasileiros passou por catástrofes como a que assola, atualmente, o Rio Grande do Sul. Quem discordar, corre o risco de ser “cancelado” na base eleitoral
O pulo do gato
Há um outro “incentivo” para que deputados e senadores aceitem essa ideia: esses recursos emergenciais, geralmente, são liberados de forma automática, tipo “emendas Pix”.
Desgaste contido
Três horas antes de o governo anunciar o adiamento do concurso unificado, a base do presidente Luiz Inácio Lula da Silva no sul pressionava, no sentido de se conectar com as pessoas: “Como que a gente não está sendo sensível o suficiente para entender que é um momento de calamidade? Isso fala muito do distanciamento de realidade que estamos tendo agora”, comentou a deputada Daiana Santos (PCdoB-RS), na reunião da bancada gaúcha.
Postura correta
O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, preferiu manter distância das críticas do PSDB ao governo Lula sobre a demora do presidente a ir ao estado. O governador comentou com amigos que está ocupado demais para entrar em briga política nesse momento. Lula idem. Os presidentes dos partidos que duelem nas redes.
CURTIDAS
O périplo de Vagner/ Um dos féis escudeiros de Lula, o presidente do Sesi, Vagner Freitas, percorre os estados para conhecer os projetos das prefeituras que podem ser apoiados pela instituição. Dia desses, esteve com o prefeito do Recife, João Campos. Foi a primeira reunião para conhecer programas que possam convergir em parcerias junto aos trabalhadores da cidade.
Reza forte/ Depois da presidente do banco do BRICS, Dilma Rousseff, foi a vez de o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, visitar o Papa Francisco, junto com o presidente do PSD, Gilberto Kassab, para tratar justamente de mudanças climáticas e transição energética.
Só tem um probleminha/ Agenda com o Papa, marcada com antecedência, não se recusa, mas com milhares de pessoas sem energia no Rio Grande do Sul, Silveira correu o risco de ouvir um “Vada a bordo, cazzo” — tal como o comandante Francesco Schettino ouviu, em 13 de janeiro de 2002, quando o Costa Concordia adernou no mar Mediterrâneo. O governo federal montou uma força-tarefa para atendimento às pessoas e uma das áreas prioritárias é energia.
Antenado/ O ministro, apesar de distante fisicamente, estava atento aos problemas que afetam o Rio Grande do Sul. Hoje, com a tecnologia, ninguém fica alheio. De lá, coordenou, por exemplo, as conversas para garantir o fornecimento de energia do Uruguai para o Rio Grande do Sul.