Coluna Brasília-DF
Destravadas as votações na Câmara, a próxima semana será a hora do jeitão entre governo e Senado em matérias mais cruciais para o Poder Executivo. Uma parcela expressiva dos senadores vai para o plenário hoje pedir, por exemplo, que o presidente da Casa, Davi Alcolumbre (DEM-AP), rejeite de ofício o dispositivo da Medida Provisória 870 que tira da Receita os poderes de compartilhar dados com a Polícia Federal. “Isso é matéria estranha ao texto, uma vez que tratou das atribuições da Receita e não da estrutura de governo”, diz o senador Major Olímpio (PSL-SP). Ainda que não haja quórum para concluir a votação ainda hoje, o senador considera que esse assunto pode ser resolvido com uma canetada. Alcolumbre ainda não se manifestou a respeito. Primeiramente, ouvirá os técnicos da Casa.
Quase lá
Para uma primeira tentativa, a pressão via redes sociais quase dá certo para manter o Coaf no Ministério da Justiça. Foram 228 votos a 210. Sinal de que, na reforma da Previdência, os “caçadores de pokemóns”, como os congressistas mais antigos chamam os novos colegas eleitos pelas redes sociais, podem fazer a diferença.
Encastelado
O evento do presidente Jair Bolsonaro no Recife foi transferido das cercanias da universidade federal para um castelo, onde funciona o Instituto Ricardo Brennand. Todos que vão trabalhar na reunião foram obrigados a fornecer todos os dados para que pudessem passar pelo controle da segurança.
Por falar em Nordeste…
Nem a reunião da bancada nordestina nem o novo decreto das armas vão resolver os problemas de Bolsonaro. Nenhum coordenador de bancada estadual compareceu. Tudo para mostrar que nada está bem. Quanto às armas, vem por aí nova ação para sustar seus efeitos.
Os recados de Rodrigo
Comandante supremo da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia foi direto na veia durante seminário do Correio Braziliense sobre a reforma da Previdência: “Não podemos aceitar que nenhum brasileiro, que nosso Estado de direito, nem em frase, sejam colocados em risco”. Referia-se aos arroubos antidemocráticos que, invariavelmente, estão no cardápio de parte dos bolsonaristas.
Tudo no papel I
Em evento na Bolsa de Xangai para promover o mercado financeiro brasileiro, o vice-presidente Hamilton Mourão ouviu do empresário Jackson Wijaya, acionista da Paper Excellence, que a empresa pretende injetar nada menos que R$ 27 bilhões na economia brasileira, assim que a compra da Eldorado for concluída. Os recursos serão utilizados na construção de uma nova fábrica, em reflorestamento e em logística.
Tudo no papel II
Somado esse valor ao já desembolsado na transação, o montante destinado pela multinacional de papel e celulose ao Brasil chega a R$ 31,4 bilhões — cifra próxima à previsão de investimentos de toda a indústria automotiva no Brasil até 2022.
Curtidas
Agora é assim/ Um parlamentar, Filipe Barros (PSL-PR), na tribuna, discursando, e seus colegas de partido, todos atrás dele, de celular em punho, transmitindo ao vivo para suas redes. Todos fazendo pose. Se perguntar o que foi dito, vão precisar recorrer ao Google.
Centrão, eu?!!/ O líder do PP, Arthur Lyra, pedia a todos com quem conversava que lhe indicassem uma só votação em que foram contra o país: “Diga-me: qual o ato que fizemos contra o Brasil? Ministro fecha acordo, líder do governo diz que não aceita, e a culpa é nossa?”
E o doido, hein?/ Feliz da vida com a viralização do vídeo em que dizia que ia conversar com o presidente porque só um doido para conversar com outro doido, o deputado Pastor Sargento Isidoro (Avante-BA) comentava: “Bolsonaro diz que a classe política é problema, e ele não só entrou como colocou os três filhos. Só doido!”
Pedido de mãe…/ … É ordem. O líder do Novo, Marcel Van Hatten, do Rio Grande do Sul, planeja ir à manifestação de domingo. “Vou apenas defender a posição a favor das reformas, em especial, a da Previdência”, diz, ao comentar sobre a pressão de grupos favoráveis apelando por sua presença. Até a mãe dele está cobrando.