Coluna Brasília-DF
Se o governo quiser aprovar a reforma previdenciária com poucas mudanças, terá que abrir o diálogo com parte da oposição, como fizeram Lula e Dilma, em 2003 e em 2013, quando aprovaram o fim da paridade e integralidade nas aposentadorias do funcionalismo e a inclusão de futuros servidores públicos no regime geral do INSS, com a criação do fundo de previdência para quem quisesse um valor superior. Com o governo de Jair Bolsonaro não será diferente. As contas dos partidos governistas indicam que o presidente poderá contar potencialmente com 332 votos nos partidos de centro, incluídos aí o PSL e o Novo. Ocorre que, deste total, uma parcela não aceita a proposta da Nova Previdência.
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O maior problema do governo será com os deputados reeleitos que sobreviveram ao tsunami da renovação. Desse grupo, uma parte está traumatizada com esse tema e credita a desidratação de seus votos ao projeto da reforma previdenciária do governo Temer, um texto mais “light” do que o apresentado agora. Outra, acostumada ao toma lá dá cá, vai pressionar o governo até o último minuto. Logo, se Bolsonaro quiser mesmo uma folga, terá que conversar com a oposição extra-PT. Resta saber se terá espaço para isso. Afinal, se já está difícil para o governo conversar com os partidos de centro, imagine com os de centro-esquerda.
Tchau, Crivella
Quem acompanha com lupa o processo envolvendo o prefeito do Rio, Marcelo Crivella, considera difícil ele escapar desse processo de impeachment. Antes da campanha eleitoral, o prefeito quis pedir uma licença de 45 dias para se dedicar exclusivamente à campanha do filho. Recebeu à época o seguinte recado: “Se você sair, não volta”. O prefeito desistiu da licença.
A nova tropa de choque
O PSL não está tão sozinho quanto parece. O Partido Novo já fechou questão em favor da reforma da Previdência apresentada pelo governo e, por incrível que pareça, foram os deputados do Novo — e não do PSL — que defenderam a reforma na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) ontem. São oito deputados. É uma gota no oceano de votos que o governo precisa. Porém, vale lembrar que o governo Fernando Henrique Cardoso perdeu sua reforma, na década de 1990, por um único voto.
Por falar em PSL…
O andar da carruagem na Câmara indica que nem o PSL conseguirá liderar de fato a negociação da reforma previdenciária no Congresso nem o PT irá capitanear toda a oposição. Aliás, os deputados do PSL não tiveram qualquer protagonismo na sessão de ontem da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), que recebeu o ministro da Economia, Paulo Guedes.
Isolados
Embora o PT tenha feito barulho na sessão de ontem na CCJ, o partido hoje é meio refém do Lula-livre e dificilmente terá poder de fogo para liderar a oposição no Congresso. Chegou ao ponto, por exemplo, de não ter mais conversa com o PDT. E não é para menos. Desde que o ex-candidato Ciro Gomes se referiu à presidente do partido, Gleisi Hoffmann, como “chefe de quadrilha”, o clima azedou. O PCdoB também adota uma distância regulamentar.
TCU e Zona Franca/ A Zona Franca será tema de um debate promovido pelo Correio Braziliense no próximo dia 11, no auditório do TCU, das 9h às 13h30. Em discussão o papel da Zona Franca, responsável pelo desenvolvimento regional e forte contribuição para preservação do meio ambiente e geração de empregos.
A importância do assunto/ O seminário reunirá as maiores autoridades sobre o tema, nesse momento em que se questiona os benefícios fiscais dado à região, gerando insegurança jurídica às empresas que lá se instalaram.
Ajuda do TCU/ Depois de aprovar a convocação do ex-ministro Antonio Palocci e do ex-presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) Luciano Coutinho, a cúpula da CPI que investigará os empréstimos do banco nos governos petistas seguiu direto para o TCU em busca de apoio técnico e relatórios. “Eles vão nos ajudar muito, uma vez que alguns contratos do banco já passaram por duas auditorias. Esperamos que esta CPI tenha mais resultados que as outras”, diz a vice-presidente da CPI, deputada Paula Belmonte (Cidadania-DF).
Maratona / Na maratona de encontro com lideranças dos partidos, o presidente Jair Bolsonaro se encontrará, na próxima
terça-feira, com o presidente de honra do PR, Alfredo Nascimento, ex-ministro dos Transportes de Dilma e Lula, que responde a processo na Lava-Jato. Ele acompanhará os líderes da agremiação na Câmara, Wellington Roberto, e no Senado, Jorginho Mello.