Enquanto o Supremo Tribunal Federal se dedicará à análise do pedido dos advogados de Temer para que a denúncia contra o presidente fique em suspenso até que se esclareça se houve irregularidades na delação da JBS, o governo terá tempo de organizar a base para análise dessa última flecha de Rodrigo Janot. Embora a tendência seja de rejeição do pedido, o presidente ganha uns dias para arrumar o tabuleiro antes da denúncia aterrissar na Câmara dos Deputados. Já está definido, por exemplo, que, na hipótese de um relator hostil ao governo, a ordem será repetir a estratégia da primeira denúncia e apresentar um voto em separado, tal e qual fez o deputado Paulo Abi-Ackel (PSDB-MG).
Desta vez, embora não tenha o fato de os delatores estarem livres, leves e soltos morando nos Estados Unidos, os governistas contarão com os tropeços da delação em si, por exemplo, o trabalho do ex-procurador Marcelo Miller em favor dos delatores quando ainda trabalhava na Procuradoria. Também vai pesar o fato de a nova procuradora-geral, Raquel Dodge, trocar a equipe de procuradores dedicados hoje à Lava Jato.
Nesse caso, ainda que o STF rejeite a ideia de suspensão da denúncia até o julgamento final da delação da JBS, politicamente esses fatos vão pesar. Afinal, quem está enroscado na Lava Jato não vê a hora de ter espaço para criticar o trabalho de Janot. E, no momento, a melhor resposta dos congressistas será dar ao presidente Michel Temer mais uma vitória contra Janot. É nisso que o governo trabalhará essa semana.
No mais…
É olho vivo na primeira semana de Raquel Dodge, nos discursos de Temer aqui e na ONU, em Nova York. Teremos ainda a a missa de réquiem da reforma política, que tem pouquíssimas chances de aprovação.
A semana prossegue quente até sexta-feira com o depoimento de Eduardo Cunha ao juiz Vallisney sobre o desvio de recurso de FI-FGTS. Se mencionar o presidente,MP será mais uma fogueira para o governo pular.