Os últimos movimentos do presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Gilmar Mendes, agradaram o baixo clero da Câmara dos Deputados. Muito mesmo. Ao ponto de tornar o ministro do Supremo Tribunal Federal o preferido de nove entre 10 parlamentares para assumir a Presidência da República numa eleição indireta, caso lá na frente haja a necessidade de um “plano B” para garantir o status quo. Essa preferência, até bem pouco tempo, pertencia à presidente do STF, ministra Cármen Lúcia.
» » »
Obviamente, ninguém trata desse tema abertamente, em frente às câmeras de TV. Isso porque nenhum deles vê hoje Michel Temer, o grande articulador político, três vezes presidente da Câmara dos Deputados, deixar que o poder escorra pelas mãos como ocorreu com Dilma Rousseff. Porém, em política, sempre é preciso se preparar para o futuro.
» » »
Para você que perdeu os lances de Gilmar nesta semana, vale lembrar: ele não só disse que o caixa dois tinha que ser desmistificado, como também sugeriu a reunião de ontem entre os chefes dos Poderes Executivo e Legislativo para tratar da reforma política, leia-se, válvula de escape para a situação atual. É tudo que os políticos querem receber dos céus no futuro próximo.
Renan e Gilmar
Nas mais reservadas conversas em Brasília, alguns veem o senador Renan Calheiros trabalhando muito discretamente uma opção por Gilmar Mendes. É que Renan, quando dispara contra Michel Temer, como fez ultimamente, não costuma estar sozinho. Não foi à toa que Temer marcou esse jantar com os senadores do PMDB. Sempre é bom manter o fogo amigo ao alcance dos bombeiros.
Por falar em STF…
Nos próximos 45 dias, as sessões plenárias do Supremo serão dedicadas a temas de repercussão geral reconhecida, para ver se ajuda a baixar o estoque de processos. Por exemplo, os que tratavam do ICMS na base de cálculo do PIS/Cofins, julgado ontem. Em tempo: isso quer dizer que qualquer tema relativo à Lava-Jato que envolva o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, ou do Senado, Eunício Oliveira, não será levado neste período.
Terra sem lei…
No Rio de Janeiro, a Light desistiu de subir o morro para cobrar a falta de pagamento da conta de luz e fiscalizar os “gatos”. Até o Morro Dona Marta fugiu do controle. E olha que ali, bem pertinho, tem um posto policial. É a falência da segurança.
…Onde só eles mandam
No Morro do Alemão, um ponto que, no passado, Sérgio Cabral surgiu como “o pacificador”, tornaram-se corriqueiras as denúncias de transformadores furados por balas perdidas. Só este ano, 80 desses equipamentos já tiveram que ser substituídos. Nesses casos, os traficantes deixam os técnicos subirem.
CB.Poder/ Em entrevista ontem à TV Brasília, o presidente da Associação Nacional dos procuradores estaduais, Marcello Terto, se solidarizou aos manifestantes que paralisaram universidades, ônibus e outros serviços com a greve de ontem contra a reforma da Previdência. O primeiro reflexo da paralisação veio no início da noite, com a ampliação do prazo para apresentação de emendas.
Aquecimento/ Depois de expor a visão de que o governo “está perdido” para os deputados petistas, Lula (foto) assistiu demoradamente ao vídeo do seu depoimento na Justiça Federal. Foi o treino para o depoimento que ele fará brevemente em Curitiba. Não gostou do trecho em que se referiu a “chutar” o valor total dos vencimentos na casa dos R$ 50 mil.
Por falar em Lula…/ Nas rodas de Brasília, muitos dizem que “Lula estava certo”: Primeiro, falou na existência de 300 picaretas. Depois, em Paris, já presidente disse que todo mundo fazia caixa dois. Defendeu ainda o voto em lista que agora começa a ganhar corpo nas conversas da reforma política. Em tempo: Lula só não esperava que veria petistas classificados entre os 300.
Fez escola/ Vereadores das principais cidades brasileiras têm cobrado de seus prefeitos um estilo “mais Doria”. Em Porto Alegre, por exemplo, a cada anúncio do prefeito Nelson Marquezan Júnior, a tucanada vibra: “Agora, ele vira o nosso Doria”.