Se confirmada a percepção das principais lideranças no Congresso Nacional, o próximo governo tem pouca ou nenhuma chance de aumentar os gastos com o funcionalismo público federal. Dados da pesquisa Painel do Poder, realizada em setembro pela In Press Oficina junto a 57 líderes no Legislativo, mostram que 35% deles acreditam que não haverá alteração no montante atual, e outros 30% creem que ele pode ser, inclusive, reduzido. O maior entrave é o deficit fiscal, da ordem de R$ 139 bilhões.
A mesma pesquisa identificou a privatização de serviços públicos como a aposta de seis em cada 10 líderes ouvidos no levantamento. Quanto ao programa Bolsa Família, metade dos entrevistados acredita que não sofrerá grandes alterações, e nenhum deles sugere que possa ser extinto.
BBB em alta.
Apelidadas de BBB, as bancadas da Bala, da Bíblia e do Boi são as que mais devem crescer nas eleições do próximo domingo, pelo menos, na avaliação dos próprios deputados e senadores ouvidos pela pesquisa Painel do Poder. Dos 57 entrevistados, 63% apostam no crescimento da “bancada da bala”, 61% acreditam que os evangélicos ampliarão sua representação e 35% estimam que a bancada ruralista também será maior na próxima legislatura. Sindicalistas e ambientalistas, na avaliação dos líderes, perderão assentos na
Câmara e no Senado.
Dois gumes
A entrevista de Jair Bolsonaro à TV Record foi sob encomenda para que ele estivesse em evidência e não ficasse à mercê dos adversários no último dia de campanha na telinha. Porém, o fato de aparecer no momento em que as ordens médicas recomendam que ele fale por, no máximo, 10 minutos, fez com que muitos aliados preferissem que ele ficasse calado. Afinal, num mundo onde tudo muda rápido, qualquer deslize ali poderia quebrar a onda.
Público-alvo
A preferência pela Record, a emissora do bispo Edir Macedo, tinha o objetivo de atingir justamente os eleitores de Fernando Haddad, do PT, que estão nas classes de menor renda. Enquanto Jair Bolsonaro apareceria de bom moço em uma emissora, Haddad seria confrontado na outra.
Enquanto isso, nos estados…
Há uma verdadeira corrida de políticos declarando voto em Jair Bolsonaro. Paulo Skaf, do MDB, é um deles. Sob o risco de perder a vaga no segundo turno para o governador Márcio França, candidato à reeleição, Skaf declarou apoio ao capitão reformado. Em Pernambuco, quem ensaia movimento semelhante é Mendonça Filho, candidato ao Senado pelo DEM, que chegou a ser cotado para vice na chapa de Geraldo Alckmin.
Se liga aí, Doria
Aliados de João Doria (PSDB) buscam votos nesta reta final, de olho nos movimentos de Márcio França nas pesquisas internas. Se o governador-candidato ultrapassar Skaf e for ao segundo turno, será o fim do reinado tucano em São Paulo.
Curtidas
Anastasia e o Novo/ O Partido Novo fará com que o senador Antonio Anastasia seja levado a enfrentar um segundo turno contra o governador-candidato, Fernando Pimentel, do PT. É que Romeu Zema, do Novo, ganhou fôlego na reta final.
Zema e Amoêdo/ Zema, entretanto, está com um problema: o fato de ter pedido votos para Jair Bolsonaro no debate desta semana irritou a cúpula do partido. Afinal, se é para mudar a política, não dá para fazer como os políticos tradicionais, que largam seus candidatos a presidente no meio do caminho sem a menor cerimônia. Se brincar, Zema chega ao domingo sem partido.
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Muita calma nessa hora/ O ex-deputado Paulo Delgado (foto) considera que o segundo turno será o tempo perfeito para que quem chegar lá possa esclarecer seu programa de governo, em especial, Jair Bolsonaro, que passou a maior parte da campanha no hospital: “Mergulhar em Bolsonaro no domingo é como entrar de cabeça num rio escuro e raso, onde a única certeza é a de que ali não tem peixe vermelho. Mas ninguém sabe que outros estranhos bichos coloridos nadam no fundo desse rio”.
Aquele bar já vai fechar/ Vendido há quase dois meses, o piano do bar do Piantella, que embalava muitas cantorias dos clientes, foi comprado por um frequentador que prefere o anonimato. Aliás, desde que os smartphones passaram a registrar tudo em todos os lugares, as cantorias no antigo bar foram minguando. Agora, salvo raríssimas exceções, as excelências só cantam em convescotes privados e com público reduzido, longe da inconveniência dos smartphones alheios.