O fato de Eduardo Cunha ter enviado recado aos parlamentares dizendo que, se cair, não vai sozinho, fez com que perdesse parte dos votos que ainda detém na Câmara, na avaliação de muitos, a ameaça passa a ideia de que “quem votar com ele é porque está com medo”. Por isso, na semana que vem, quando fará um pronunciamento, Cunha vai procurar desfazer a imagem de vingativo e manterá o discurso da inocência.
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Quanto à renúncia do cargo de presidente da Casa, ainda que esteja em análise, a avaliação em todos os campos é a de que ele já ultrapassou a linha temporal dos acordos para preservação do mandato e nem mesmo esse gesto seria suficiente para tirá-lo do cadafalso, ainda mais agora, depois da delação de Fábio Cleto, ex-vice-presidente de Fundos e Loterias da Caixa Econômica. Cleto é 10º delator a citar Cunha como beneficiário do esquema da Lava-Jato.
Janot de olho
A briga entre os maiores aliados do presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha, e o interino, Waldir Maranhão, por causa da relatoria da CPI do Dpvat vem sendo acompanhada de perto pelo Ministério Público. É que, com a vitória de Marcos Vicente (PP-ES), defendido pelo grupo mais próximo de Cunha, e a derrota de Luiz Tibet, o candidato de Maranhão, ficou aos procuradores a impressão de que, mesmo afastado, Cunha continha mandando.
Calamidade é nas contas
O principal objetivo do governo do Rio de Janeiro ao decretar o estado de calamidade pública é sensibilizar a administração Michel Temer, em especial Henrique Meirelles, para a necessidade de ajuda financeira ao estado. Só o envio da Força Nacional não será suficiente para resolver os problemas até as Olimpíadas.
Quando entrar setembro
Ministro novo para o Turismo, só depois da votação do impeachment no Senado, quando o governo Michel Temer tiver aprovado o afastamento definitivo da presidente Dilma Rousseff. Essa é a provável data de uma reforma ministerial em caso de Dilma deixar o Alvorada.
O funil é o tempo
Quanto mais Eduardo Cunha demora em renunciar ao cargo de presidente da Câmara, menos atrativo fica o lugar para os candidatos a um mandato tampão. Até aqui, cinco já recusaram concorrer, inclusive Rogério Rosso (PSD-DF). O nome que desponta na corrida é o do segundo-vice-presidente, Fernando Giacobo, do PR-PR, que sabe que não tem chance para um período “cheio” de dois anos.
Pior que Sérgio Machado…/ … Só José Maria Marin, o ex-presidente da CBF condenado por corrupção no escândalo da Fifa. Aos 83 anos, o cartola cumpre pena num luxuoso apartamento na 5ª avenida, em Nova York. O ex-presidente da Transpetro terá ainda um jardim e uma piscina para se exercitar.
E o Henrique, hein?/ Na quarta-feira, antes da conta suíça vir a público, e 24 horas antes de pedir demissão, o então ministro do Turismo, Henrique Eduardo Alves, estava em fúria por causa da delação de Machado. Murchou, entretanto, quando soube dos outros.
Almoço para quase 100/ Mal saiu do Planalto, o governador Rodrigo Rollemberg comentou com assessores que precisaria organizar almoço para 27 governadores e seus respectivos secretários de Fazenda e, para completar, assessores e motoristas. É a prévia da reunião de segunda-feira com Michel Temer.
Enquanto isso, no Jaburu…/ A avaliação dos aliados de Michel Temer depois dessas primeiras horas pós-delação de Sérgio Machado é de que o que o presidente em exercício tinha que “sangrar, já sangrou”. Agora, é focar na recuperação da economia.