O senador Renan Calheiros (MDB-AL) comemorou reservadamente a decisão do presidente do Supremo Tribunal Federal, Dias Toffoli, de acolher o recurso do MDB e do Solidariedade contra a liminar do voto aberto. A atitude de Toffoli restabelece o voto secreto na escolha do comandante da Casa. Agora, com o jogo mais claro, Renan vai a campo, como ele mesmo tem dito, “em defesa do MDB”, ou seja, do direito do partido que detém a maior bancada ficar com o comando da Casa. Assim, daqui até 31 de janeiro, data da reunião do MDB, Renan joga em duas frentes: No colegiado de 68, vai somando aqueles que defendem a tradição do nome indicado pelo maior partido. Nos 13 da bancada do MDB, calcula os votos para ser guindado ao cargo.
Experiente, passa a semana em Brasília, em contatos com os senadores. Nas conversas, tem dito que não jogará o carro na frente dos bois, leia-se não atropelará o colegiado do MDB. Sabe que não pode perder a chancela internamente. Hoje, os emedebistas estão convictos de que lidar como governo de Jair Bolsonaro exigirá mais do que nunca a unidade interna. E é nisso que trabalham nesse momento. Ele também sabe que MDB não tem mais a primazia do passado. embora seja a maior bancada, não tem mais duas dezenas de senadores. Portanto, todo o cuidado é pouco. Daí, a comemoração comedida de Renan. Um cenário pulverizado, estão todos jogando nos bastidores, mergulhados e respirando de canudinho de metal __ para ficar no politicamente correto dos dias atuais.
Quem deve se preocupar mais a partir de agora é o presidente da Câmara, Rodrigo Maia. Ele joga como as cúpulas partidárias e, se brincar, perderá espaço para o vice-presidente da Casa, Fábio Ramalho. Fabinho Liderança é considerado internamente o candidato mais perigoso para os planos de reeleição de Maia. O DEM e o MDB sempre disputaram protagonismo nos governos de Fernando Henrique Cardoso. Agora, estão reeditando essa queda-de-braço nas duas Casas Legislativas. No Senado, o DEM trabalha a candidatura de Davi Alcolumbre a presidente, em contraponto ao MDB. Da mesma forma, Fábio Ramalho se lança contra Rodrigo Maia. A Bolsonaro restará acolher quem vencer. Dado o andar da carruagem e dos rumos das conversas de bastidores que emolduram a disputa, se ele entrar nesse intrincado jogo, quem colherá dissabores será seu governo.