O afastamento do presidente do Senado, Renan Calheiros, depois da prisão do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha e do impeachment da presidente da República, Dilma Rousseff, são ingredientes para fechar 2016 com chave de fel, ainda que não venha mais nada daqui para frente. Isso sem contar a sucessão de ministros que caíram ao longo do ano, suspeitos de irregularidades. Chegamos ao fundo do poço? Não. Ainda tem o listão da Odebrecht pra debulhar.
Baixar essa poeira na política não será fácil. O primeiro passo é esperar o desfecho da crise que envolve o presidente do Senado, Renan Calheiros. Conforme antecipado aqui ontem, Renan vai recorrer. E esse recurso, se analisado ainda este ano, tende a repor Renan na cadeira de presidente do Senado. O pior que poderia acontecer se Renan continuasse presidente da Casa, passou. O tal projeto que estabelecia o abuso de autoridade tinha votação prevista para hoje. Não será mais votado. Nem hoje, nem nos próximos dias de 2016. Sob pena de se agravar a crise e chegarmos à guerra entre os Poderes. Renan jogou alto, contra o Judiciário, e perdeu. Dificilmente, a Casa se fechará em sua defesa, por causa dos processos que ele enfrenta e do que vem pela frente, dado o desconhecimento que ainda se tem de tudo o que está sob apuração.
O fato de Jorge Viana, o presidente em exercício do Senado, entrar na Casa mais cedo ao lado de Renan foi um gesto visto como um apoio do PT às desventuras do presidente afastado. A ordem no Parlamento será esperar a apreciação do recurso encaminhado ao STF. Ocorre que o país tem pressa. Enquanto os políticos travam sua guerra contra o Judiciário, a frágil economia perde mais alguns dias para se recuperar. No Rio, a frente da Assembléia Legislativa virou uma praça de guerra, numa revolta daqueles que assistiram ao desfile de gastança do hoje detento Sérgio Cabral enquanto as contas do Estado ficavam cada vez mais comprometidas. A manifestação agora no Rio é um termômetro do que vivemos.
No Palácio do Planalto, a reforma da Previdência entra em cena e já não era sem tempo. É o governo, embora frágil, tentando fazer a sua parte no que se refere a contas públicas. Ocorre que para discuti-la é preciso serenidade e dedicação. Algo que, no momento, falta ao Congresso Nacional, mais preocupado com a própria pele. Há quem proponha antecipação das eleições de 2018. Se continuarmos nessa toada de 2016 em 2017, será a única saída. E vamos em frente, que o dia está apenas no meio…