A depender da vontade da maioria dos deputados que integra a bancada do União Brasil, o partido não terá candidato a presidente da República. O presidente da legenda, deputado Luciano Bivar (PE), foi muito cobrado em reunião fechada, esta semana, do compromisso de dar liberdade aos estados para cada um seguisse o caminho que considerasse melhor. Pelas contas, 99% querem distância de um candidato a presidente.
A deputada Clarissa Garotinho (RJ), por exemplo, foi incisiva ao dizer que a maioria do partido não era de esquerda e que, se continuasse do jeito que está, melhor seria apoiar logo o presidente Jair Bolsonaro (PL).
O deputado Danilo Forte (CE) lembrou que os partidos que hoje discutem uma candidatura única, já abandonaram seus candidatos no passado — a começar pelo MDB, que abandonou Ulysses Guimarães, em 1989, e o PSDB, que abandonou todos os seus postulantes desde a campanha de José Serra, em 2002, terminando por fazer o mesmo com Geraldo Alckmin, em 2018. Seria muito ruim o União Brasil, em sua primeira eleição, fazer o mesmo.
As cobranças sobre Bivar foram tantas que, conforme relatos dos participantes da reunião, ele chegou a dizer que a data de 18 de maio, fechada com os demais partidos de centro para fechar uma candidatura única, pode ser revista. A ideia é que, em maio, definam-se os critérios para essa escolha. Logo, conforme o leitor da coluna já sabe, antes das convenções partidárias, em julho, vai ser difícil se fechar um acordo com todos os partidos de centro.
PF na cobrança…
Delegados federais se reuniram, esta semana, em assembleia na Associação Nacional dos Delegados da Polícia Federal (ADPF). O assunto, claro, foi a reestruturação das carreiras policiais ligadas ao Ministério da Justiça, como a PF e Polícia Rodoviária Federal (PRF). A classe confia que Bolsonaro cumprirá o compromisso de enviar a medida provisória sobre a reestruturação a tempo de ser aprovada pelo Congresso ainda este ano.
…e na esperança
Os delegados, em todas as intervenções durante a reunião, foram muito claros no sentido de dar um voto de confiança a Bolsonaro. Eles acreditam que o rompimento do compromisso geraria um desgaste muito grande para um governo que tem a segurança pública como bandeira.
Calendário
A demora em marcar a data para o lançamento da pré-candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao Planalto se deu porque o partido ainda não tinha acertado o leque de alianças. O PSol, por exemplo, só bateu o martelo sobre sua participação oficial na aliança petista à Presidência da República esta semana. Rede, PCdoB e PSB, que já estavam fechados, queriam uma data em que pudessem levar todos os seus principais líderes. A ideia é mostrar que Lula uniu quase todos os partidos de esquerda numa grande frente e, no dia seguinte, seguirem todos juntos para o ato do Dia do Trabalho.
Por falar em Dia do Trabalho…
O governo não pretende deixar a data passar em branco. No Planalto, a ideia é dar destaque ao interesse de empresas estrangeiras em vir para o Brasil, e ao crescimento da economia brasileira, apesar dos problemas que o mundo enfrenta.
Pimenta nos olhos dos outros…/ “Bem-vindo ao clube”. Assim, os bolsonaristas brincaram com um petista, esta semana, no plenário da Câmara, que, inicialmente, não entendeu. Eis que o bolsonarista explicou: “Antes, era Jair Bolsonaro que tropeçava no ‘sincericídio’. Agora, o ex-presidente Lula segue pelo mesmo caminho, ao dizer abertamente o que pensa a respeito do aborto, dos parlamentares, da classe média, dos militares e por aí vai”.
… é refresco/ Os bolsonaristas brincam no plenário, mas, fora dele, já se preparam para surfar contra o discurso de Lula, de que a classe média ostenta um padrão acima do necessário. Vão sacar as fotos em que o petista exibe um relógio Piaget, de R$ 80 mil.
“Amortecedor”/ Assim como o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, é o amortecedor das crises no Planalto, o ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, será uma espécie de airbag dos discursos de Lula. Hoje, por exemplo, no encontro em São Paulo entre PT e PSB para apresentação de Alckmin como o nome para a vice de Lula, será exaltada a proximidade do ex-tucano com a Igreja.
O retorno/ Sergio Moro volta dos Estados Unidos na semana que vem e, embora retirado das pesquisas de intenções de voto de alguns institutos, pretende manter inalterada a sua agenda de pré-candidato a presidente. Segunda-feira, estará no Rio Grande do Sul.
E o Jair Renan, hein?/ A chegada de Jair Renan, o filho 04 de Bolsonaro, à Polícia Federal, foi devidamente registrada para a campanha eleitoral dos opositores do governo. Ele foi depor sobre denúncia de tráfico de influência, mais um tema de desgaste para a família presidencial.