Coluna Brasília-DF
Os apelos do presidente Jair Bolsonaro para que os senadores do PSL não repetissem o comportamento dos deputados que lutaram para manter o Controle de Atividades Financeiras (Coaf) nas mãos de Sérgio Moro mostraram que, quando o assunto é “de vida ou morte”, Bolsonaro conseguirá enquadrar os seus quatro votos no Senado. Na Câmara, entretanto, a influência do presidente é considerada menor, uma vez que os deputados fizeram questão de quebrar o acordo feito pelo ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, para que a votação da medida de reestruturação do governo fosse rápida.
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O cenário preocupa. É que se Bolsonaro não conseguir segurar os seus na Câmara, não será o Centrão, criticado nas ruas pelos apoiadores do presidente, que irá alegremente ajudar o governo quando surgir uma nova votação de vida ou morte na Casa. Mais uma vez, caberá ao presidente recorrer aos senadores. Para tristeza de Major Olímpio, que ontem se viu obrigado, pela primeira vez neste mandato, a trocar o desejo das ruas pela realidade.
01 na encolha
Ninguém viu uma manifestação do senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) em defesa da medida provisória que fixou a estrutura do governo de seu pai. Há quem diga que há o receio de ele abrir a boca e alguém vir com um “Cadê o Queiroz?”
Bolsonaro segurou o mercado
Muitos ficaram intrigados sobre o porquê de as bolsas terem fechado em alta ontem, depois das preocupações do mercado com as críticas dos manifestantes de domingo ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia — o fiador das reformas. O humor positivo foi atribuído ao gesto do presidente Jair Bolsonaro: “O grande trigger (motivo que desencadeou o movimento) foi o café entre os presidentes dos três Poderes”, diz Rafael Furlanetti, diretor da XP Investimentos.
“Se Dilma tivesse uma oposição como essa, estaria no poder até hoje”
Da senadora Kátia Abreu (PDT-TO), referindo-se à ajuda que os oposicionistas deram ao governo ao aprovar a MP 870 sem retoques em relação ao projeto aprovado na Câmara
Hora dos recados
O DEM aproveitará a convenção nacional, amanhã, para tentar se descolar um pouco do tal Centrão, que inclui o PP, o PL (antigo PR), o PRB, o PTB e outras legendas de centro.
CURTIDAS
Renan, o discreto/ Ex-presidente do Senado, o senador Renan Calheiros só chegou para a sessão no fim da tarde, depois da reunião de líderes. Desde que Davi Alcolumbre assumiu, ele não tem participado das discussões mais acaloradas da Casa.
Moro contra Moro/ O ministro da Justiça, Sérgio Moro (foto), precisou ligar para o senador Major Olímpio (PSL-SP), a fim de dizer a ele que o momento era de pensar no país e não no Coaf sob o guarda-chuva da Justiça. Paulo Guedes fez a mesma coisa.
Tributária na roda/ Relator do crédito suplementar de R$ 248 bilhões, o deputado Hildo Rocha lança hoje o livro O Sistema Tributário que Queremos, às 14h30, no hall de café do salão verde da Câmara dos Deputados.
Ficamos assim/ Resumo da ópera política em Brasília: a votação da MP 870 no Senado mostrou que está tudo bem entre Executivo e Legislativo até a próxima crise. “Nem o presidente Bolsonaro imaginava que teria todos esses votos”, ironizou o senador Esperidião Amin.
Só papos
“O governador Ibaneis Rocha assina decreto que determina retirada de armas das mãos de policiais militares, civis e bombeiros que sejam indiciados na Lei Maria da Penha. A medida tem total apoio da SSP-DF, e é mais uma medida do Governo do DF de combate ao feminicídio”
Secretário de Segurança Pública, Anderson Torres
“Ibaneis está surfando em uma onda que não é dele. A PMDF e o CBMDF, há tempo, já recolhem o armamento do militar envolvido em qualquer crime violento, incluindo, é claro, violência doméstica”
Coronel da reserva Cláudio Ribas, ex-chefe da Casa Militar