Da coluna Brasília-DF publicado em 19 de novembro de 2024, por Denise Rothenburg com Eduarda Esposito
Aliados comentavam em meio à reunião de cúpula do G20 que se o mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva terminasse em dezembro, seu legado já estaria posto com o G-20 Social e a Aliança contra a Fome — lançada em 2004, quando ele discursou nas Nações Unidas, mas não foi para frente. O discurso no G20, 20 anos depois, poderia ter sido um copia e cola. Naquela época, Lula usou frases do tipo “da fome e da pobreza jamais nascerá a paz” ou “a humanidade está perdendo a luta pela paz”. E conclamou a uma união no combate à fome, com a pergunta: “Se fracassarmos contra a pobreza e a fome, o que mais poderá nos unir?” A frase vale para os dias de hoje. E foi nesse sentido que a Argentina ingressou na nova aliança — não dá para ficar contra um movimento contra a fome. O contraponto que Javier Milei fará — e já ensaiou em seu discurso em defesa do neoliberalismo — será nos meios para se alcançar esse objetivo.
Veja bem
O fato de Lula anunciar uma aliança global contra a fome, 20 anos e dois meses depois daquele discurso na Abertura da 59ª Assembleia da ONU, é sinal de que os países fracassaram nessa empreitada. Agora, com o G20 prometendo, inclusive, um fundo para financiar essa nova tentativa de acabar com a fome, a esperança do governo brasileiro é de que, daqui a 20 anos, os discursos de hoje sejam vistos como primeiro passo de uma caminhada que chegou ao objetivo.
Mais fácil ganhar na Mega
O senador Humberto Costa (PT-PE) foi designado relator do projeto do senador Hamilton Mourão (Republicanos-RS) sobre anistia aos envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023. Difícil será Mourão arrancar um parecer favorável do petista.
Onde mora o perigo
O que leva os senadores e deputados a colocar de molho essas propostas de anistia é o receio de que alguma dessas pessoas termine partindo para atos extremos, como as bombas da semana passada perto do Supremo Tribunal Federal. Além disso, os lideres consideram que o projeto é polêmico e capaz de acirrar os ânimos num momento em que os parlamentares precisam ter tranquilidade para aprovar projetos urgentes — como o Orçamento de 2025.
Só no papel
As novas regras aprovadas no Senado ainda não representam um sinal verde para a liberação das emendas retidas por decisão do Supremo Tribunal Federal. Antes disso, o ministro Flávio Dino já disse a aliados que precisará de uma leitura detalhada da lei que for publicada no Diário Oficial da União.
Consórcio da sustentabilidade
Terminado o G20, os governadores do Sul e Sudeste têm encontro marcado em Santa Catarina para discutir projetos sustentáveis capazes de mitigar os efeitos das mudanças climáticas. A avaliação de alguns deles é de que não dá para deixar tudo a cargo do governo federal. Não está descartada, inclusive, a discussão de emendas ao Orçamento das duas regiões para financiamentos de projetos.
CURTIDAS
Eles estão na área/ Depois do governador de Goiás, Ronaldo Caiado, começar a rodar o país para se apresentar ao União Brasil como uma opção para 2026, o governador do Paraná, Ratinho Júnior, deve seguir pelo mesmo caminho. É o nome do PSD para a disputa e o único que, até aqui, tem alguma inserção no Nordeste, por causa do programa do pai, o Programa do Ratinho, um dos mais populares da tevê brasileira.
Theresa May em São Paulo/ A Associação Brasileira dos Planos de Saúde (Abramge) realiza o congresso brasileiro de seus associados com a presença da ex-primeira-ministra do Reino Unido Theresa May (foto). Ela tem uma vasto conhecimento sobre o tema. Seu governo, de 2016 a 2019, foi responsável pela eficiente transformação do sistema de saúde britânico, o National Health System.
Parceria obrigatória/ No Brasil, o sistema público de saúde atende a 75% da população. Cabe ao privado e suplementar 25% do atendimento. Embora integrados, um sistema depende do outro. Essa interdependência, que sempre gerou um debate longo e polêmico, será o ponto central do congresso da Abrange, na quinta e na sexta-feira, em São Paulo.
Novo normal/ Os cariocas estão acostumados a encontrar celebridades na sua orla, mas o presidente da França, Emmanuel Macron, de terno, acompanhado da mulher, Brigitte, toda de preto, de salto alto, às 23h, no calçadão de Copacabana, foi a primeira vez.