Congresso à deriva

Publicado em coluna Brasília-DF

Com o presidente Michel Temer enfraquecido e um número expressivo de deputados e senadores limpando gavetas, a influência do Poder Executivo sobre o Legislativo caiu ao ponto de ninguém mais ter o comando fechado das bancadas nas votações deste fim de ano. Nessa batida, a pauta-bomba não saiu de cena, apesar da conversa entre o economista Paulo Guedes e o presidente do Senado, Eunício Oliveira. Só na Câmara, são quase R$ 14 bilhões incluídos em vários projetos, em benefícios fiscais que ainda podem ser votados nas próximas semanas. E, subsídio, sabe como é, depois que aprova, para tirar é uma novela.

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Enquanto isso, medidas provisórias vão caducando. A MP que facilita a privatização de empresas de saneamento, por exemplo, vence nesta segunda-feira e não há acordo para votação. A oposição comemora, e os governos, o de hoje e o do ano que vem, se mostram preocupados. Será mais um tema para retomar em 2019.

Lula arrependido

Aliados do ex-presidente Lula dizem que, só agora, depois da eleição, é que ele passou a avaliar que, talvez, teria sido melhor aceitar a linha do ex-presidente e ex-ministro do Supremo Tribunal Federal Sepúlveda Pertence, de buscar a prisão domiciliar. Porém, ainda não autorizou seus advogados a seguirem nessa direção. Já tem gente pensando em dizer que essa seria a única saída no momento.

Setor problema

Em todos os governos, desde a redemocratização, a área de infraestrutura dá dor de cabeça aos governantes. E com Jair Bolsonaro não será diferente. Está uma queda de braço na equipe de transição pela indicação do futuro ministro, depois que o general Oswaldo Ferreira recusou o cargo. Será mais uma disputa para Bolsonaro arbitrar, como o fez na Agricultura.

Economia em alta

A reação do mercado em relação ao nome de Roberto Campos Neto para a presidência da Banco Central compensou o susto com o novo chanceler, Ernesto Araújo, visto com reservas dentro do Itamaraty. Porém, nem só de críticos vive Araújo: “Quem o critica é porque não compra um novo livro há, pelo menos, 15 anos”, diz o ex-deputado Paulo Delgado, sociólogo, que é só elogios ao estudioso e aplicado Ernesto Araújo.

Siga o sogro

Ernesto Araújo é genro do embaixador Luiz Felipe Seixas Corrêa, com uma vasta experiência na carreira diplomática, um dos mais respeitados da velha guarda do Itamaraty. Ou seja, escola para caminhar ao centro e fazer uma gestão equilibrada não falta ao futuro chanceler.

CURTIDAS

Mourão é pop/ O vice-presidente eleito, general Hamilton Mourão, fez o maior sucesso no feriadão, ao ser reconhecido na academia de um condomínio de Brasília. Foi cumprimentado, tratou todo mundo com a maior simpatia e não se recusou a posar para fotos ao lado dos moradores.

Renan, o jeitoso/ Logo depois da eleição, o senador Renan Calheiros enviou os parabéns aos novos senadores com quem conseguiu algum contato. Ele, da parte dos senadores, e Fábio Ramalho (MDB-MG), da parte da Câmara, saíram na frente no corpo a corpo com os novatos.

Recondução garantida/ O MDB já acertou a permanência do deputado Baleia Rossi (foto), de São Paulo, no cargo de líder da bancada no ano que vem.

Futuro duvidoso/ Agora, quando chegar a hora de escolher o novo presidente do partido, a bancada vai se pintar para a guerra. Tem muita gente incomodada com a prorrogação do mandato de Romero Jucá até setembro.