Por Denise Rothenburg — Com pelo menos três temas dedicados ao aumento de impostos em debate na Câmara — no caso, o que se refere a empresas offshore, fundos exclusivos e juros sobre capital próprio —, o Progressistas do presidente da Casa, Arthur Lira (AL), está a um passo de rasgar um dos princípios dos compromissos partidários divulgados no mês passado. O item 2 do manifesto fala claramente “contra o aumento de impostos”. Porém, com um pé no governo Lula e a perspectiva de receber mais espaço, levará o partido a optar pelo voto favorável a esses aumentos. Afinal, se tem algo que foi cobrado dos ministros políticos, na reunião da semana passada, foram votos favoráveis a tudo que ajude a tirar o governo do sufoco.
———————
Extrapolou…
O deputado Pedro Paulo (PSD-RJ) deixou as empresas em polvorosa ao dizer que seu parecer sobre tributação de offshores e fundos exclusivos vai incluir JCP — Juros sobre Capital Próprio, recurso criado nos anos 1990 como uma forma de ajustar balanços e que, hoje, é um mecanismo que estimula o investimento nas empresas e, na prática, funciona como um benefício fiscal.
———————
…e pegou geral
A Associação Brasileira das Companhias Abertas (Abrasca) calcula que 40% dessas empresas utilizam o JCP. A associação divulgou, ainda, que 67,5% dos parlamentares sequer sabem do que se trata. Logo, dizem alguns empresários, não dá para votar aquilo que não conhecem.
———————
Deixe para depois
A Abrasca está em forte movimento no Congresso para que essa discussão sobre JCP seja resolvida dentro da segunda fase da reforma tributária, que pretende tratar do imposto de renda de pessoas físicas e jurídicas.
———————
Bandeira para o futuro
O governo está confiante na aprovação do novo sistema brasileiro para regularizar o crédito de carbono, relatado pela senadora Leila Barros (PDT-DF), a Leila do Vôlei. O Poder Executivo levará essa proposta como um cartão de visitas das boas práticas ambientais à COP28, em Dubai.
———————
Curtidas
Bola no chão/ Diante das críticas sobre a minirreforma eleitoral, o relator, senador Marcelo Castro (MDB-PI), jogou um balde de água fria na pretensão dos deputados, ao garantir que o texto não valerá para as eleições do ano que vem.
“Gosto mais de ser governador”/ Cheio de problemas para resolver, como a greve do metrô, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (foto), não se abala. Dia desses, respondeu que administrar o maior estado do país é melhor do que ser ministro de Infraestrutura, cargo que ocupou no governo de Jair Bolsonaro. “Tem mais problema e exige mais, mas dá mais satisfação”, respondeu, certo de que está no caminho correto.
Contraponto/ A ideia dele, de recorrer às privatizações, é vista pela oposição ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva como um recurso que vai diferenciar a gestão paulista daquela adotada pelo PT no plano federal.
E a CPMI, hein?/ As audiências da CPMI dos atos de 8 de janeiro chegam ao fim sem que se colocasse muitos políticos para prestar depoimento. Quem apostou que, por exemplo, Bolsonaro poderia ser levado a falar naquele colegiado, perdeu. Essa fogueira, avaliam alguns, o ex-presidente pulou.