Cenário de confronto entre Executivo e Legislativo

Publicado em Política

Coluna Brasília-DF publicada no sábado 28 de junho, por Denise Rothenburg — Enquanto o presidente Lula falava em evento no Tocantins, de chapéu e camisa vermelha, sobre “governar para os mais pobres”, a expressão “emendas da corrupção” se tornava um dos assuntos mais comentados da rede X, no rastro de uma operação da Polícia Federal contra prefeitos acusados de desvio e uma audiência publica no Supremo Tribunal Federal para debater o assunto.

A avaliação é a de que esse embate entre Executivo e Legislativo ainda vai longe e, até aqui, tem o seguinte histórico: o governo começou este ano pré-eleitoral com planos de uma reforma ministerial que levasse os partidos a abraçar a ideia da reeleição. Não deu certo. Com os partidos dizendo ser cedo para fechar qualquer parceria eleitoral, Lula decidiu fazer o jogo inverso: atrair a população e torcer para que, no futuro próximo, com o povo ao seu lado, os partidos sigam pelo mesmo caminho.

/ A esta altura do jogo eleitoral, o staff do Planalto está convicto de que o presidente encontrou o tom para se reaproximar da população. Só tem um probleminha: os congressistas, percebendo que o governo tenta impor a eles a tarja de vilões, afastaram-se mais. Acham que Lula antecipou o processo eleitoral e agora está tudo contaminado pela disputa de 2026. Até outubro, quando estaremos a um ano do pleito, a ideia entre os congressistas é “deixa estar para ver como é que fica”. Se as manobras de Lula derem certo, o presidente pode recuperar apoio político. Caso contrário, será um finge que me ama, que eu finjo que acredito.

Se quiser dinheiro…

O governo terá que correr atrás dos sonegadores de impostos. O projeto do devedor contumaz é visto por parlamentares e pelos setores econômicos como um meio de pacificar a relação entre os Poderes Executivo e Legislativo, devido ao texto ter um viés tributário — aumenta receita e arrecadação da União e não gera aumento de impostos para a população.

Postos na mira

Estudo do Fórum Nacional de Segurança Pública revela que o crime organizado tomou conta dos postos de gasolinas no Brasil. O levantamento mostra que os postos lavaram R$ 23 bilhões em 2022, seis vezes mais que o tráfico de cocaína, que chegou a R$ 6 bilhões no mesmo ano. O projeto do devedor contumaz tipifica esse tipo de crime e permite às autoridades fechar os postos.

Preparado I

Secretário de Comunicação da Presidência da República no governo Bolsonaro, Fábio Wajngarten está pronto para o depoimento marcado para a próxima terça-feira em Brasília. Ele falará sobre a suposta tentativa de obstrução de Justiça por parte da banca de advogados que defende o ex-presidente da República, da qual ele faz parte. Wajngarten vai reiterar que nunca soube do teor das entrevistas e vazamentos das conversas gravados do delator tenente-coronel Mauro Cid veiculados pela revista Veja.

Preparado II

Advogado e jornalista, Wajngarten garante que “não grava e jamais permitiria” que conversas de pessoas conhecidas de longa data (ele trabalhou diretamente com Mauro Cid de 2019 a 2021) fossem gravadas — assim como de qualquer outra pessoa. “Ele é leal aos amigos”, comentam seus aliados.

CURTIDAS

Presencial, mas… /…só até a hora do voo. Com muitos parlamentares de passagem marcada para Lisboa semana que vem, a obrigatoriedade da presença nas votações será apenas até 20h da quarta-feira. Há muitos deputados confirmados para o XIII Fórum de Lisboa, evento que conta com a organização da Faculdade IDP, fundada pelo ministro Gilmar Mendes, e a Universidade de Lisboa.

Côrtes no comando/ Até o presidente da Câmara, Hugo Motta, é esperado por lá. Motta pretende embarcar para Lisboa na segunda-feira. Se não mudar a data, quem comandará a sessão presencial é o vicepresidente da Casa, Altineu Côrtes (PL-RJ).

Lisboa de festas…/ Com inúmeras palestras simultâneas no XIII Forum, muitos aproveitam para marcar presença nos eventos paralelos. Tem coquetel do BTG Pactual no famoso SUD e uma série de outras confraternizações em rooftops e restaurantes da capital portuguesa.

… e livros/ No primeiro dia do fórum, o decano do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, fará um coquetel para o lançamento de dois livros. Brasília: a arte da Democracia, do catedrático da USP e curador de arte Paulo Herkenhoff; e Presidentes governantes numa era de fragmentação e volatilidade políticas, do professor, advogado e político português Vitalino Canas. O livro de Canas tem apresentação do decano Gilmar e prefácio do ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Luís Felipe Salomão.