A boa corrida das vacinas

Publicado em Vacinas covid-19

Desde o ano passado, o ministro da Ciência e Tecnologia, Marcos Pontes, aposta na vacina brasileira contra a covid-19. Em entrevistas, ele sempre mencionava seis promessas nesse campo, entre as quais esta desenvolvida em parceria pela faculdade de Ribeirão Preto. O governo, porém, demorou para bater bumbo sobre essas pesquisas, da mesma forma que demorou a apostar nas vacinas. O governo falhou nessa comunicação e também na política. Agora, diante do anúncio da ButanVAc, 100% brasileira, produzia pelo Butantan e pronta para entrar em fase de testes, vem o governo e aponta outro imunizante no mesmo patamar de pesquisa, trazendo também para a população uma notícia tão boa quanto o anúncio feito hoje cedo pelo governador de São Paulo, João Dória.

Politicamente, a ordem no governo é “não se pode ficar atrás do Dória”. Afinal, desde que Dória anunciou a compra da Coronavac, pelo Instituto Butantan, no ano passado, o presidente Jair Bolsonaro reagiu contra o imunizante. Disse com todas as letras que a “vacina chinesa do Dória” não seria comprada e inclusive, desautorizou o então ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, a assinar contrato com o Butantan para a compra de 46 milhões de doses. A aposta de Bolsonaro àquela altura era em remédios para combater a doença e não em vacinas. Em dezembro do ano passado, chegou a dizer que se a pessoa que tomasse vacina virasse “jacaré”, ele não teria nada a ver com isso, e ainda afirmou que não tomaria a vacina. Na porta do Alvorada, apoiadores chegaram a entoar uma música para a “cloroquina”.

Diante da chegada da CoronaVac, Bolsonaro não teve saída, senão se render à “vacina chinesa do Dória”, a que país tinha naquele momento para vacinar a sua população, um público que, como criança do lado de fora da loja de doces, via pela tevê muitos países imunizando seus cidadãos. Em seguida, chegou a da AstraZeneca, a aposta do governo federal, produzida em parceria em a Fiocruz e são essas duas vacinas que estão hoje à disposição dos brasileiros.

Agora, com a fase de testes da vacina brasileira, a aposta é a de que, no futuro, teremos, em relação à covid, a situação que temos hoje em relação à gripe. Enquanto a disputa política beneficiar a população, será bem-vinda. Que venham mais vacinas.