Categoria: ELEIÇÕES 2022
Derrotado nas últimas cinco eleições presidenciais e consumido pelas disputas internas, o PSDB se apresenta neste 23 de maio como um partido que, pela primeira vez em sua história, não tem um candidato a presidente da República. E legado para mostrar, os tucanos têm. Foi o único partido a ter um presidente da República eleito e reeleito em primeiro turno, Fernando Henrique Cardoso, que montou a equipe responsável pelo Plano Real, quando era ministro da Fazenda do então presidente Itamar Franco. Foi o partido que teve ainda um ministro da Saúde, José Serra, referência internacional e o da Educação, Paulo Renato Souza, responsável por Toda a Criança na Escola. Montou a base do que seria o Bolsa Família, hoje Auxílio Brasil.
Essa história de sucesso nos idos dos anos 90 não foi suficiente para os próprios tucanos. Há 20 anos, uma campanha em que o jingle do candidato tucano José Serra dizia “a mudança é azul” apresentava como o candidato da situação quase que com um viés oposicionista. Não colou, embora tenha ido ao segundo turno. Depois, foi a vez e Geraldo Alckmin, em 2006, que não conseguiu vencer o PT e agora se une a Lula. O único a resgatar o governo de Fernando Henrique foi Aécio Neves, em 2010, com uma campanha que quase chegou lá. Em 2018, Alckmin teria menos votos no segundo turno do que no primeiro.
Ao vencer a prévia tucana em novembro, João Doria acreditou que poderia mudar essa sina do partido. Jogou dentro das regras definidas pelo partido. Seus aliados diziam que Doria tinha o melhor discurso, trouxe a vacina contra covid, São Paulo cresceu mais do que o Brasil nesse período. O conglomerado de partidos da tal terceira via não botou fé. Os números das pesquisas indicaram que a rejeição do ex-governador é alta. A senadora Simone Tebet tem mais chances, pelo menos, na avaliação do MDB, do Cidadania e da cúpula do PSDB. Internamente, responsabilizavam Doria pelo fracasso da candidatura única da terceira via. Agora, com João Doria fora da disputa e no papel de “observador”, a cúpula partidária está com a faca e o queijo na mão. Caberá a Bruno Araújo e à comissão executiva tucana a responsabilidade de evitar que o partido se desintegre. A turma de São Paulo vai se dedicar à campanha para o governo estadual. Lá, onde Rodrigo Garcia segue sua pré-campanha ao governo estadual. Quem sobreviver a esse processo eleitoral de 2022, dará as cartas num futuro pra lá de incerto num PSDB que aos poucos foi perdendo protagonismo e até aqui não conseguiu acertar o passo para recuperar.
O Ministro Chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira, recebe nesta noite em sua casa os novos parlamentares filiados ao PP. O Presidente Jair Bolsonaro e a Deputada Federal e ex – ministra da Agricultura Tereza Cristina foram os grandes destaques. Bolsonaro ficou pouco tempo, mas não deixou de chamar o ministro de “o craque” da política. Outro esteve presente e recebeu elogios do presidente Jair Bolsonaro foi o médico e deputado federal Dr. Luiz Ovando ( MS) , um dos parlamentares mais respeitados da Câmara dos Deputados. Contente com a força política do PP, Ciro Nogueira elogiou todos pela postura que adotam em seus mandatos. Faltando quatro meses para a largada oficial da campanha eleitoral, o clima na base governista é de festa.
FHC e Serra entram em campo e convencem Doria a renunciar ao governo estadual
O risco de implodir o PSDB paulista levou todos os seus principais interlocutores a entrar no circuito e fazer com que o governador de São Paulo, João Doria, cumprir o acordo feito há meses com o vice, Rodrigo Garcia. A última informação é a de que Doria irá renunciar ao mandato e manterá o acordo que fará de Rodrigo Garcia governador e candidato à reeleição. O Palácio dos Bandeirantes está lotado.
A sala do governador está lotada desde 12h30 e as conversas não param. Fernando Henrique Cardoso e José Serra conversaram com Doria e com Garcia e expuseram as consequências catastróficas da permanência de Doria num momento em que todo o estafe tucano já se descolou para a candidatura de Garcia à reeleição. Doria entendeu e desistiu de ficar no governo. A cúpula do PSDB já está toda informada de que a renúncia será anunciada daqui a pouco, com Rodrigo assumindo. o governo estadual. O risco de impulsão do PSDB de São Paulo foi contido. “Jogaram uma granada, mas deu tempo de evitar que explodisse”, diz um deputado ao blog.
Líder do MDB avisa: “Com ou sem federação, nosso candidato é Ibaneis”
O MDB foi a campo em defesa da candidatura do governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, à reeleição e coloca desde já o DF como ponto inegociável, em caso de federação com o PSDB. O líder do partido na Câmara, Isnaldo Bulhões (AL), é incisivo: “Com ou sem federação com o PSDB, teremos Ibaneis como nosso candidato a governador do Distrito Federal. Não abrimos mão. Nossa relação é a melhor possível. O senador Izalci, pelo visto, conhece pouco a realidade da Câmara. Temos as melhores relações com o governador, que sempre foi parceiro e solidário”, afirma o líder.
O líder do MDB se refere à declaração do senador Izalci Lucas (PSDB-DF) ao blog, sobre o governador Ibaneis Rocha ter que procurar outro partido para concorrer à reeleição, caso haja uma federação entre PSDB e MDB. Ontem, como o leitor pode conferir num dos posts abaixo, o senador Izalci Lucas disse que Ibaneis havia apoiado Arthur Lira para a Presidência da Câmara e não o presidente nacional do MDB, Baleia Rossi. Por isso, Ibaneis não poderia reivindicar o direito de ser o candidato, se houver a federação entre MDB e PSDB. Isnaldo diz não bem assim. “Não tem nada disso. Não temos mal estar com o governador Ibaneis.ele sempre foi parceiro e solidário”, diz.
Essa tensão entre Izalci e os emedebistas é apenas um no jogo de empurra que promete ocorre em alguns estados sobre a formação de uma federação entre os dois partidos. Porém, se o MDB e o PSDB decidirem que será melhor um casamento por quatro anos, as disputas estaduais e a do DF terão que ser resolvidas, ainda que alguém saia insatisfeito. A contar pela disposição dos emedebistas, quem terá que buscar outro projeto será o senador Izalci Lucas. Esse jogo ainda terá muitos lances pela frente.
Izalci: “Ibaneis terá que procurar outro partido, se quiser ser candidato à reeleição”
Bastou os dirigentes nacionais do PSDB e do MDB anunciarem o desejo de construir uma federação entre os dois partidos para que as diferenças entre seus integrantes aflorassem. Pré-candidato ao governo do Distrito Federal, o senador Izalci Lucas (PSDB-DF), líder do partido no Senado, disse ao blog com todas as letras que”Ibaneis precisa começar a se preocupar, porque não ajudou o MDB quando da eleição para presidente da Câmara dos Deputados. “Ele ajudou a eleger Arthur Lira contra o deputado Baleia Rossi, presidente do MDB. Portanto, se a federação der certo, ele terá que se preocupar, porque ficou contra o próprio partido. Ibaneis não foi correto com o partido dele e, trabalhou contra e, certamente, terá que procurar outro. Deve ser o PP (de Arthur Lira)”, diz Izalci,. lembrando que, em janeiro do ano passado, quando da campanha para Presidência da Câmara, o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, apoiou Lira.
A declaração ainda levará a muito debate entre os dois partidos. Na discussão das federações, está se cristalizando um acordo de cavalheiros que, posteriormente, deve virar um estatuto, no qual, quem tem o governo estadual ou do DF, terá o direito de indicar o candidato a governador. Porém, Izalci defende que o DF seja uma exceção a essa regra, porque o governador Ibaneis ficou contra o MDB. “O mundo dá voltas. ele deveria ter apoiado o partido dele”, reforça o senador. Ibaneis disse ao blog que apoia a federação entre MDB e PSDB e que Izalci “fala muito”.
A federação entre os dois partidos começou a ser discutida em São Paulo, com direito a anúncios entusiasmados nas redes sociais dos presidente do PSDB, Bruno Araújo, e do MDB, Baleia Rossi. As rusgas no DF são as primeiras anunciadas publicamente. Outras virão.
Líder nas pesquisas, o ex-presidente Lula e o PT preparam um documento para atribuir os problemas econômicos que o país enfrentou no final do governo Dilma Rousseff ao processo de impeachment. Farão ainda um contraponto ao “ponte para o futuro”, que o presidente Michel Temer apresentou naquele período. “O golpe dado pelo Temer destruiu o país”, diz o ex-presidente em entrevista à rádio Liberal, do Pará.
Para os emedebistas, as declarações são um sinal claro de que Lula não quer saber o partido. e, se vier com um discurso de aliança ou de aproximação, será voltado para ao pequeno grupo que foi contra o impeachment de Dilma Rousseff. Mais um motivo, na avaliação do MDB, para os filiados à agremiação tratarem com carinho e vontade a pré-candidatura da senadora Simone Tebet ao Planalto. Afinal, seja com Bolsonaro ou Lula, o MDB será aliado de terceira categoria, sem direito a assento no salão principal.
Deputados e ex-parlamentares que acompanharam a performance de Sérgio Moro em sua primeira incursão pelo Nordeste consideram que, até esta altura do campeonato, o ex-juiz acertou em sua caminhada. Não errou no tom e nem mesmo no uso do chapéu do couro em encontro com seus apoiadores na casa do deputado estadual de Pernambuco, Ricardo Teobaldo, do Podemos. O uso da indumentária, criticada por sulistas, foi visto por quem estava lá como um simbolismo de solidariedade aos anseios da população da região, de desenvolvimento econômico e social, projetos que Moro e muitos dos demais pré-candidatos trabalham para tentar tirar votos de Lula por lá.
A escolha de Pernambuco, e sua mega capital, Recife, para a primeira etapa da turnê de lançamentos do livro “Sérgio Moro contra o Sistema da Corrupção”, depois de sua terra-natal, o Paraná, não foi por mero acaso. Dos três maiores estados do Nordeste __ Bahia, Pernambuco e Ceará __, Pernambuco é o único não administrado pelo PT. Lá, o partido dominante hoje é o PSB de Eduardo Campos, o ex-governador que morreu num acidente de avião em plena campanha presidencial, em 2014. O PSB derrotou o PT tanto para o governo estadual, em 2018, quando reelegeu Paulo Câmara, quanto para a prefeitura, em 2020, quando João Campos, filho de Eduardo, conquistou a prefeitura do Recife.
As pesquisas qualitativas de quem entende das coisas por lá têm indicado que Recife é terreno fértil para investidas anti-PT e é atrás desses votos que Moro está. A contar pelas 600 pessoas presentes ao teatro do Shopping Rio Mar para o lançamento do livro e a maioria pagante de um ingresso a R$ 80,00, o terreno está fértil na classe média pernambucana e apoios políticos também. Lá estavam o ex-deputado Mendonça Filho, do DEM, hoje inclinado a ingressar na futura campanha do ex-juiz, assim como outras lideranças locais do Progressistas, como o deputado estadual Romero Albuquerque.
Hoje, o ex-juiz da Lava Jato estará em São Paulo para mais uma etapa da turnê de lançamento do livro, no teatro Renaissance. Outro terreno onde Moro e o Podemos pretendem investir em busca de votos, uma vez que o PSDB por lá encontra-se hoje dividido entre João Dória e Geraldo Alckmin, este de saída do partido. Para um recém-chegado na politica, Sérgio Moro começa a caminhar direitinho e com desenvoltura nessa seara, conforme avaliação de muitos tarimbados nesse terreno. Se não errar, vai dar trabalho ao PT e a Jair Bolsonaro, ambos na torcida por repetir o embate de 2018 e evitar enfrentar o desconhecido. Moro já se refere a essa polarização entre Lula e Bolsonaro como “um funeral” em que caberia ao eleitor “escolher a cor do caixão”. A analogia foi aplaudida no teatro do Shopping, onde a plateia que no passado votou em Bolsonaro caminha para o ex-juiz. Resta saber como reagirá o eleitor em outubro de 2022. Afinal, é lá na frente que a disputa será para valer. E, em eleição, quem comete menos erros no caminho é que leva a melhor. Até aqui, nesse “esquenta” da campanha, Moro não errou. Por isso, chega na política como um personagem que não pode ser desprezado.
Pré-candidato a presidente da República pelo Podemos, o ex-juiz Sérgio Moro marcou um encontro como governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, para o próximo Sábado, na capital gaúcha. Na semana que vem, em São Paulo, deve conversar com João Dória. Moro telefonou para os dois quando o PSDB concluiu a prévia que escolheu Dória candidato ao governo. Parabenizou a ambos, Dória pelo resultado e Leite pelo desempenho. O pessoal do Podemos não descarta uma composição com o PSDB, obviamente, sendo o ex-magistrado como cabeça de chapa. O PSDB planeja o inverso. O tempo dirá quem tem mais chances de chegar lá. Até aqui, a bolsa de apostas da política têm mais fichas na performance do ex-juiz.
Ao levar Santos Cruz para o Podemos, Moro deflagra “arrastão” no antigo bolsonarismo
O ex-ministro da Justiça Sérgio Moro chegou com método ao cenário de 2022. Depois da filiação ao Podemos com um discurso marcado por frases de efeito especialmente na área do combate à corrução, com o “chega de mensalão, petrolão e rachadinhas”, ele já desfilou pela seara econômica esta semana no Congresso com críticas contundentes ao governo Bolsonaro. E nesta manhã, com a filiação do general Santos Cruz ao Podemos há pouco, o candidato Sérgio Moro desembarca com força no meio militar, onde Bolsonaro se fez em 2018, e estende o tapete vermelho a todos os militares que, assim como Santos Luz, ex-ministro da Secretaria de Governo da gestão Bolsonaro, se mostram decepcionados com o atual governo. Moro aliás, aproveitou a filiação para falar da coragem do general de deixar o governo.
Santos Cruz é respeitado pelos seus pares na caserna e, em 2018, ajudou a levar uma ala a apoiar Bolsonaro. agora, essa mesma turma dará um reforço a Sérgio Moro. “O Brasil nã precisa de salvadores da pátria. Precisa de alguém preparado, com método de trabalho, que governe para todos os brasileiros, que seja presidente de todos os brasileiros, inclusive daqueles que não votaram nele e de seus opositores diretos nas urnas”, disse o general, que, quando estava no governo, passou a criticar o fato de Bolsonaro afastar aliados. Agora, Santos Cruz vai ajudar Moro a juntar essa turma.
Moro chega ao Podemos com discurso voltado aos eleitores decepcionados com Bolsonaro
O discurso com o qual Sérgio Moro se filiou ao Podemos nesta manhã pode perfeitamente ser repetido num lançamento de candidatura. E vem sob encomenda para atrair aquele grupo de aqueles eleitores que, depois de eleger Jair Bolsonaro em 2018, terminou decepcionado. Aliás, como ocorreu com o próprio Moro, que agora entra na arena da política, disposto a brigar pela vaga de líder alternativo ao petismo e ao bolsonarismo, tal e qual ocorre agora com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG)(, que mudou de partido com vontade de chegar ao Planalto.
A diferença de ambos se vê na largada. O ingresso de Pacheco no PSD, em solenidade no memorial JK, com direito a um grupo de chorinho e o legado do ex-presidente que fundou Brasília, atraiu mais políticos do que a chegada de Moro ao Podemos. Porém se Pacheco tem apoio político, Moro começa a sua caminhada com mais apelo popular. E será um pedra no sapato de Lula, uma vez que levará para campanha presidencial a memória da Lava Jato., E por mais que o PT diga que Moro foi considerado suspeito no julgamento do ex-presidente Lula e venha com o discurso da inocência do petista, Moro estará ali para lembrar que houve roubo na Petrobras, um montante expressivo de dinheiro devolvido aos cofres públicos e mais de cem pessoas presas. E vem com um “eu julguei na forma da lei”. De quebra, ainda lembrará que o dinheiro da corrupção é menos recursos para programas sociais, menos atenção às pessoas, á economia, aos problemas do país como um todo.
Moro “chegou, chegando”, dizia uma senhorinha que acompanhou a solenidade sentada no chão dentro do auditório do Centro de Convenções, em que o ex-juiz apresentou a ideia de criar uma força-tarefa de erradicação da pobreza e lançou as bases de um programa de governo., centrado em “verdade, ciência e justiça”, incluídos aí, disse ele, a justiça social e não apenas o combate á corrução. Ele vem com bandeiras parecidas com aquelas que guindaram o PT pela primeira vez ao governo, de justiça social associada a um combate intransigente à corrupção e á politica do compadrio __ que foi também um dos motores da eleição de Bolsonaro com a tal “nova política”, etc. Moro apresentou no seu discurso de uma hora as bases para deixar preocupados todos aqueles que não querem fazer marola na polarização. Por enquanto, a campanha eleitoral está apenas no aquecimento. E Moro chega como um personagem a ser acompanhado bem de perto. Assim como errou quem desprezou Bolsonaro em 2018, corre o risco de errar quem apostar desde já que Moro não deve ser levado em conta.