Bons companheiros, parte II

Publicado em Política

A operação de hoje da Policia Federal, que envolve filhos e enteados do senador Romero Jucá foi vista pelos parlamentares como mais uma forma de cercar o PMDB de Michel Temer. Líder do governo e ex-ministro do Planejamento, Jucá é visto como um elo entre o grupo de senadores do partido e aquele que conhecido como do grupo da Câmara, do qual muitos já estáo presos.

Ao grupo da Câmara pertenciam originalmente Michel Temer, Henrique Eduardo Alves, Geddel Vieira Lima, Eliseu Padilha e Moreira Franco, para citar os mais emblemáticos há mais tempo. No Senado, o poder peemedebista há tempos se divide entre José Sarney, Jader Barbalho, Renan Calheiros e Romero Jucá. De todos eles, Jucá foi quem sempre transitou com mais desenvoltura junto ao PMDB da Câmara.

A disputa entre os grupos se acirrou há alguns anos quando Eduardo Cunha chegou com sede de poder ao entorno de Henrique Eduardo Alves e, por intermédio de Henrique, ganhou seu lugar ao sol junto ao PMDB da Câmara.A chegada de Cunha e sua rápida ascensão abalaram os alicerces que sustentavam a convivência entre os dois grupos.

Quem sempre ajudou a evitar rupturas foi Jucá, o mais jeitoso de todos. Inteligente, organizado e trabalhador, Jucá sempre buscou acordos, pacificação e solução de conflitos internos, externos, politicos e até de projetos governamentais. Se ficar sob pressáo por causa dos familiares, não terá tanta energia e foco para trabalhar em prol do governo. Sarney já se diz aposentado, Jader também está mais afastado. Eunicio, embora tenha pertencido por um período ao grupo da Câmara e hoje comande o Senado, nunca foi o principal articulador de Michel.

Hoje, estáo presos Cunha, Henrique, Geddel. Rocha Loures nunca foi considerado um formulador do grupo. Moreira e Padilha são ministros e estáo sob pressão por causa dos processos. Padilha ainda tem as questões de saúde, que lhe tiram energia e ainda tem a parte administrativa do governo. Assim, Michel, presidente da República graças ao acordo com o PT no passado e pela queda de Dilma Rousseff, está cada vez mais sozinho. Se não recompor seu grupo com novos companheiros, ficará à deriva.