As manobras que o quase ex-ministro da Casa Civil, Luiz Eduardo Ramos, adotou nos últimos dias para tentar permanecer no cargo deixaram a ala do governo mais afinada com a política muito preocupada com o que vem por aí. Há um temor na base de que o general tente continuar interferindo na Casa Civil, da mesma forma que tentou interferir na Secretaria de Governo, depois que foi guindado ao segundo posto mais importante do Planalto. E, diante da insatisfação e parte dos bolsonaristas com a posse de Ciro, há um receio de que Ramos vire uma espécie de muro das lamentações dentro do Planalto e passe a tentar atuar contra o sucesso do novo ministro.
Ramos não queria sair da Casa Civil. Chegou inclusive a dizer que o presidente do PP, Ciro Nogueira, deveria ser nomeado para a Secretaria de Governo, onde está Flávia Arruda. Não deu. O presidente Jair Bolsonaro já havia dito que o senador iria para a Casa Civil e qualquer coisa abaixo disso faria o novo ministro perder o brilho e o poder da novidade. Ramos irá, sim, para a Secretaria Geral, mais afeitas às questões de administração do Planalto e programas específicos do governo do que a articulação de Ministérios. Passará a ocupar o outro lado do corredor, mais distante do gabinete presidencial.
Dentro do Planalto, Ramos manteve alguns de seus assessores ainda na Secretaria de Governo. Há quem esteja com receio de que tente fazer o mesmo na Casa Civil. A diferença é que Ciro Nogueira, embora paciente e cordato, não é Flávia Arruda, que segurou as pontas diante da manutenção de parte da equipe do general e demorou a conseguir o seu próprio pessoal. Ciro é um senador experiente, preside o partido que é a quarta bancada da Câmara. Essas credenciais deram a senha, para que, com muita tranquilidade, Ciro dissesse na conversa de hoje ao presidente Jair Bolsonaro que precisa ter respaldo para trabalhar, ou seja, ser uma espécie de porta-voz do presidente Bolsonaro nas conversas politicas.
Ciro já avisou que precisará montar a própria equipe dentro da Casa Civil. Quer resolver os problemas políticos do governo com a política. Nesse caso, resta ao pessoal de Luiz Eduardo Ramos começar a fazer a mudança para o outro lado do corredor. Se essa relação trincar, Bolsonaro terá que arbitrar as disputas entre Ramos e a ala política, hoje muito maior no coração do governo.