Coluna Brasília-DF/ Por Denise Rothenburg
Um Planalto “turbinado”
O presidente eleito, Jair Bolsonaro, está disposto a criar um órgão central dentro do Palácio do Planalto, acima dos ministérios, para cuidar da infraestrutura. A função será orientar o presidente a dirimir e arbitrar as disputas que surgem quando os projetos do setor esbarram em questões indígenas, ambientais e outras que possam ser trazidas à baila pelo Ministério Público ou pelo próprio governo. Hoje, conforme avaliação da futura equipe, as coisas nessa área de infraestrutura custam a sair, não só por falta de recursos, mas porque muitos ficam de mãos atadas e não conseguem enfrentar essas disputas jurídicas, nem mesmo as agências reguladoras. Ainda falta definir, entretanto, como será essa espécie de “câmara de arbitragem” palaciana.
Até aqui, está praticamente definido que esse Ministério da Infraestrutura abarcará as ações que hoje estão a cargo dos Transportes. Minas e Energia, porém, será mantida à parte. É que o setor elétrico e, mais ainda, petróleo e mineração são considerados complexos demais para ficarem atrelados ao todo da Infraestrutura. O desenho será fechado até o fim da semana que vem.
De onde vem a pressão
A transferência da embaixada brasileira em Israel de Tel Aviv para Jerusalém tem toda a torcida da bancada das igrejas pentecostais. Bolsonaro, pelo visto, para não ferir suscetibilidades diplomáticas do mundo árabe, terá de arrumar outro “sideshow” para seus aliados.
Por aí, não
Além da questão da embaixada de Tel Aviv, o presidente eleito já foi aconselhado a não mexer com o Acordo de Paris sobre o clima nem provocar a China na questão de Taiwan. Ou seja, sobrou para o “sideshow” o regime cubano.
Moro, o ministro eleito
Já tem muita gente no ambiente parlamentar dizendo que, antes mesmo da posse do presidente eleito, a principal organização de comunicação do país já apresentou seu candidato à sucessão dele: Sérgio Moro. O futuro ministro da Justiça ganhou direito a transmissão ao vivo de sua primeira entrevista e um bloco inteiro do Jornal Nacional. Resta saber como o presidente eleito reagirá.
Enquanto isso,nas conversas políticas…
Entre os temas da conversa de hoje entre Bolsonaro e o presidente Michel Temer estarão a reforma da Previdência e a necessidade de suspender a intervenção no Rio de Janeiro, caso haja votos para aprovar algo este ano. Vale lembrar que o governador eleito do Rio, Wilson Witzel, já declarou que não quer a prorrogação da intervenção, mas pretende manter os militares no estado por mais 10 meses.
Na muda/ O presidente do Supremo Tribunal Federal, Dias Toffoli, cancelou todas as entrevistas pré-agendadas para os próximos dias. É que, no papel de árbitro e pacificador entre os Poderes, Toffoli não pretende dar chance de gerar qualquer mal-entendido com o futuro governo.
Por falar em STF…/ A segurança hoje foi toda reforçada para a visita do presidente eleito, Jair Bolsonaro, marcada para 10h. Até os jornalistas credenciados terão de passar pelo detector de metais, algo que nem sempre acontece.
E o “livrinho” reina…/ Onde o presidente eleito pisa, se fala em “Constituição”. Hoje, com Dias Toffoli, não será diferente. O presidente do STF vai presentear Bolsonaro com um exemplar da edição comemorativa, para marcar os 30 anos da promulgação, e com um livro sobre os bastidores da elaboração do texto.
Governo Temer em São Paulo/ Depois do anúncio dos ministros Rossieli Soares (Educação) e Sérgio Sá Leitão (Cultura) para o secretariado do governador João Doria, sempre que um ministro de Michel Temer vai a São Paulo, alguém pergunta: “Que secretaria você vai assumir?” Os ministros, meio constrangidos, ainda respondem: “Parece que acabaram as vagas”.