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Bolsonaro corre contra o tempo para influenciar eleições

Publicado em coluna Brasília-DF

Por Denise Rothenburg — O ex-presidente Jair Bolsonaro começou a corrida para as prefeituras disposto a usar os palanques físicos e eletrônicos para alavancar uma campanha de retomada da sua elegibilidade. Independentemente de quem for para o segundo turno em São Paulo, a avaliação — até mesmo dentro do PL — é de que, na maior cidade do país, ele perdeu. Bolsonaro não se engajou de corpo e alma na candidatura de Ricardo Nunes (MDB) à reeleição e viu seus eleitores migrarem para Pablo Marçal (PRTB) sem seu comando. Seja um ou outro o vencedor, não será o ex-presidente o padrinho mágico. Para completar, no Rio de Janeiro, seu berço político, a tendência é o prefeito-candidato Eduardo Paes (PSD) vencer Alexandre Ramagem (PL) no primeiro turno.

A avaliação de muitos consultores em Brasília é de que Bolsonaro não atingiu os objetivos nesta campanha. O que ainda pode dar discurso ao ex-presidente é seu partido, o PL, ser o campeão em número de prefeituras. É a forma de se recuperar da não participação em São Paulo e das dificuldades de Ramagem, no Rio.

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Sobrou para ele o calote

A vida do prefeito de Manaus, David Almeida (Avante), não está fácil. Ainda que lidere as pesquisas, com 29%, de acordo com a Atlas/Intel, ele acaba de ser cobrado pelo governo sueco por uma dívida de R$ 500 milhões, contraída em 2012, para a compra de 296 ônibus, quando Amazonino Mendes (PDT) era o prefeito. Faltando dois dias para o pleito, o assunto será muito explorado pelos adversários que buscam uma vaga no segundo turno.

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A força do governador

Ronaldo Caiado (União), governador de Goiás, tem tudo para ser um forte nome nas eleições presidenciais de 2026. Tem 75% de aprovação dos eleitores contra 17% de desaprovação, segundo a pesquisa Atlas/Intel de agosto. No domingo, será possível avaliar sua força política com os resultados de seus apadrinhados nas prefeituras goianas.

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Enquanto isso, em Valparaíso de Goiás…

Bolsonaro, aparentemente, não vai conseguir eleger sua candidata à prefeitura do município, Maria Yvelônia (Solidariedade). O ex-presidente chegou a participar da carreata com ela pela cidade, mas o evento não fez suas intenções de votos crescerem — pelo contrário, diminuíram. De acordo com a pesquisa do Instituto Real Time Big Data, Yvelônia tem 10% contra os 12,7% que tinha, em setembro, pelo levantamento do Instituto Igape.

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O PL também perdeu ali

O candidato do PL, Zé Antônio, também não tem a preferência de votos da população nem o apoio de Bolsonaro — que preferiu apadrinhar a vice-presidente do Conselho Nacional da Assistência Social de seu governo. A pesquisa do Instituto Real Time Big Data mostra que ele permanece com os mesmos 15% de intenção, enquanto que Marcus Vinicius (MDB), apadrinhado de Caiado, lidera com 42%.

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Curtidas

Bolsonaro vence a guerra das lives/ O ex-presidente começou uma live no mesmo horário em que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (foto) fazia outra, com Guilherme Boulos, candidato do PSol em São Paulo. Na maior parte do tempo, Lula conseguiu uma audiência em torno de 5 mil pessoas — só subiu no final. Bolsonaro tinha o dobro, sozinho, com as tradicionais folhas de papel à sua frente, com os nomes dos candidatos do PL, de estado por estado.

Por falar em candidatos…/ Bolsonaro teve dificuldades até em citar o nome do prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes. Seu foco foi o vice, Melo Araújo, apresentado como um “vice ativo”, se Nunes vencer.

O alvo é Lula/ Ao referir-se a Minas Gerais, Bolsonaro citou a notícia publicada no site do Correio Braziliense, sobre as declarações de Lula a respeito do conflito no Oriente Médio — quando o presidente soltou o comentário “Israel só sabe matar”. Bolsonaro chamou o presidente de “descondenado” e disse que o petista se esquece do ataque do Hamas a Israel, no ano passado.

Nem tudo pifou/ O voo de Lula sobre o México, a fim de queimar combustível para poder pousar, teve, pelo menos, um alento naquelas quase cinco horas de tensão e sem internet. O ar condicionado funcionou perfeitamente, para alívio dos passageiros.

Colaborou Vinícius Doria