Coluna Brasília-DF
Sem dinheiro não vai. Pelo menos, é esse o sentimento que permeia o chamado “baixo clero” na Câmara dos Deputados, quando perguntado sobre a aprovação de uma reforma tributária que inclua algum imposto semelhante à antiga Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF).
Primeiro, que os parlamentares não estão dispostos a deixar que o presidente Jair Bolsonaro fique com todos os louros dos programas sociais, como aconteceu com o auxílio emergencial, aprovado pelo Congresso.
O governo, entretanto, tem uma carta na manga: fazer chegar aos deputados que as famosas emendas ao Orçamento dependem de mais recursos orçamentários, uma vez que a pandemia da covid-19 fez cair a arrecadação e obrigou o Poder Executivo a aumentar os gastos. Ou seja, se quiserem as emendas, é melhor aprovar o novo imposto.
Os últimos dados disponíveis no Siga Brasil indicavam que, dos R$ 39,9 bilhões autorizados em emendas, o governo pagou R$ 16,1 bilhões, incluindo restos a pagar de anos anteriores. Os empenhos, isto é, a separação de recursos para obras e serviços relacionados às emendas, estavam em R$ 21,3 bilhões, conforme os dados atualizados disponíveis na sexta-feira, referentes a 22 de setembro. A perspectiva dos recursos terminarem em restos a pagar é grande. E este será o principal apelo dos governistas para tentar fazer passar o novo imposto.
Base, que base?
Muitos parlamentares desconfiam de que os líderes do governo vendem gato por lebre para os ministros de Bolsonaro. Até aqui, não há votos para aprovar a reforma tributária nos moldes que o Planalto deseja e nem disposição para discutir a reforma administrativa no modelo pensado pela equipe econômica.
Muita calma nessa hora
Deputados conhecedores do humor do Parlamento avisam: se o presidente quiser que os congressistas avaliem suas propostas com mais carinho, melhor ficar distante da eleição municipal onde houver disputa entre partidos que ele considera aliados.
Depois dos embaixadores…
O próximo esforço concentrado dos senadores, com sessões presenciais, será para aprovar as indicações de agências reguladoras. A diferença para os embaixadores é que as diretorias das agências interessam diretamente aos parlamentares. Já são quase 10 vagas em aberto e, em dezembro, a Anvisa terá duas para se somar a essas nas negociações.
Sobral sem campanha/ O único canal de tevê de Sobral (CE) suspendeu as atividades, na semana passada, às portas da eleição municipal. Assim, os candidatos terão que fazer campanha apenas no rádio.
Por falar em rádios…/ Em 1º de outubro, o senador Cid Gomes (PDT-CE) vai estrear numa rede de rádios no Ceará. O nome oficial é Redenews, mas, entre os políticos, a iniciativa ganhou o apelido “Bozonews”. Com a popularidade de Bolsonaro crescendo entre os cearenses, Cid vai tratar de tentar baixar a bola presidencial.
O teste de Bolsonaro/ A campanha paulistana é vista como uma daquelas que Bolsonaro planeja investir para averiguar sua popularidade na maior cidade do país. Daí, o fato de receber o candidato Celso Russomano (Republicanos-SP) e se deixar fotografar ao lado dele.
Mandetta na área/ O lançamento do livro do ex-ministro Luiz Henrique Mandetta e outro do ex-assessor, o jornalista Ugo Braga, justo agora, na largada da temporada eleitoral, foi vista entre alguns amigos do presidente como uma forma de tentar desgastar os governistas de raiz nessa rodada. Não é bem assim. Nesta época do ano, muita gente começa a pensar nos presentes de Natal. Daí, muitos lançamentos de livros nesse período.
Dia de São Cosme e Damião/ Se sair de casa, use máscara. Afinal, o novo coronavírus ainda está por aí.