José Múcio sugeriu ‘tratamento vip’ a militares na transição

Arte: Caio Gomez
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Denise Rothenburg | Brasília-DF

Partiu do ex-presidente do Tribunal de Contas da União (TCU) José Múcio Monteiro, cotado para assumir o Ministério da Defesa, a ideia de deixar que os novos chefes militares façam a transição direto com os atuais ocupantes dos comandos das Forças Armadas e, talvez, com o futuro ministro da Defesa, sem precisar passar pelo Centro Cultural do Banco do Brasil. Os petistas — alguns, inclusive, que não gostaram dessa ideia — afirmam que, se Lula aceitar, é mais um sinal de que José Múcio será ministro. Lula não quer marola com a caserna e nem os militares querem saber de ruptura institucional.

Jogos políticos I

O PT e o PSB chegam juntos no apoio a Arthur Lira (PP-PL) para mais dois anos de mandato no comando da Câmara de olho na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e outros postos estratégicos. Só tem um probleminha: o PL, maior bancada da Casa, integrará o bloco de Lira e, desde já, reivindica a CCJ.

Jogos políticos II

No Senado, o PL, por enquanto, pensa em lançar um candidato à Presidência — no caso, o senador Rogério Marinho (RN). Mas os próprios integrantes do partido acreditam que é para retirar mais à frente e garantir o comando da CCJ da Casa. Afinal, diante da dificuldade de conseguir emplacar o comando do Legislativo, o PL quer usar sua bancada para conquistar nacos importantes de poder.

Tensão à frente

Um dos cargos que o PL não vai abrir mão é a relatoria do Orçamento da União de 2024, que, no ano que vem, caberá à Câmara dos Deputados. Os petistas desejam a mesma coisa. Lira terá que navegar com muita habilidade entre as pretensões do PL e do PT, para conseguir agradar todos os seus aliados.

Nem a pau, pica-pau

A PEC da Transição, ou Fura Teto, que o futuro governo chama de PEC do Bolsa Família, vai mudar. Os senadores, em sua maioria, não concordam com o valor de R$ 198 bilhões, nem tampouco com a concessão do valor extrateto por quatro anos. “Eu vou trabalhar para que o prazo seja de um ano”, avisa o líder do PSDB, senador Izalci Lucas (DF).

À la Alckmin

Lula recorre à mesma estratégia que Geraldo Alckmin sempre adotou na sua vida pública: deixa “vazar” as decisões sem anúncio oficial. Assim, quando chega a hora de oficializar, tudo já está mais “natural”. O ex-tucano agiu dessa forma, por exemplo, quando saiu do PSDB para ocupar a vice na chapa do petista. Esse estilo está em curso tanto para a indicação de José Múcio para a Defesa, quanto de Fernando Haddad para a Fazenda.

CURTIDAS

A vez delas/ Para marcar uma homenagem ao Dia Internacional da Pessoa com Deficiência, comemorado em 3 de dezembro, a sessão plenária de hoje do TCU julgará processos de fiscalização de políticas públicas voltadas a esse público, que corresponde a cerca de 24% da população brasileira.

Temas não faltam/ Os processos em pauta abrangem questões como aposentadorias especiais; descumprimento pelo Banco do Brasil da lei que obriga a contratação de percentual mínimo de pessoas com deficiência; omissão de órgãos públicos e autarquias federais em relação à falta de acessibilidade — entre outros.

Merece atenção/ A sessão representa um esforço do TCU para enfatizar a necessidade de aperfeiçoamento de políticas públicas que impactam a vida desses brasileiros. Durante a sessão presencial, será disponibilizada tradução e interpretação em Libras. No plenário, estarão demarcados lugares adequados para cadeiras de rodas e para pessoas com deficiência auditiva e visual.

Ministro eu?!/ O advogado Antonio Carlos de Almeida de Castro (foto) chegou para a reunião da equipe de Justiça no CCBB soltando um “ministro, bom dia!”. Pelo menos cinco dos presentes olharam para a porta. Entre eles, o senador eleito pelo Maranhão, Flávio Dino (PSB).

Comissão do Senado tem 12 sabatinas com embaixadores em um dia

arte corrida
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arte corrida
Arte corrida votação no Senado. Editoria de Arte/CB

DENISE ROTHENBURG

A pressa para nomeação de embaixadores, relatada aqui pela coluna esta semana, chegou ao Senado. A Comissão de Relações Exteriores (CRE) tem 12 sabatinas marcadas para esta terça-feira, sendo quatro presenciais e oito remotas. Só tem um detalhe: nenhum relator apresentou parecer ainda. A praxe da CRE tem sido dar uma semana para que cada parlamentar avalie o parecer do relator, de forma a conhecer o currículo dos indicados antes das sabatinas. Desta vez, a pressa promete gerar constrangimentos
no plenário.

Estão na lista das sabatinas presenciais a indicação para o Vaticano, Achilles Xaluar; para a FAO, Carla Barroso; para Roma, Fernando Magalhães; e para a Unesco, Paula Alves de Souza. As sabatinas por videoconferência incluem Benedicto Fonseca Filho (África do Sul) Evaldo Freire (Mauritânia), Fernando Abreu (Tunísia), Hélio Vitor Ramos Filho (Argentina), Henrique Sardinha (Guatemala), Leonardo Monteiro (Guiné Equatorial), Marco Farani (Vietnã) e Rubem Amaral (Sudão).

Muitos embaixadores estão preocupados com essas sabatinas e com receio de o Brasil acabar passando por algum constrangimento, porque, mesmo se o presidente Jair Bolsonaro for reeleito, terá que reposicionar o Brasil no cenário internacional e há dúvidas se os perfis seriam os dos embaixadores indicados. No caso da eleição de Lula, a mudança certamente virá.

Giro internacional

As urnas mal começam a chegar às sessões eleitorais e já tem gente na equipe de Lula pensando em agenda na Europa, como presidente eleito. A ideia é estreitar laços em países como a França.

Preserve-se

Geraldo Alckmin já foi aconselhado por amigos a não aceitar qualquer ministério num eventual governo Lula. Um vice-presidente, avaliam muitos, não pode ser subordinado ao presidente. E, se algo der errado na área destinada ao vice, seja qual for, ele será considerado culpado.

Tiro no pé

Viraliza nas redes sociais um vídeo em que duas pessoas vestidas de verde e amarelo pedem voto útil em favor de Lula, com uma paródia da música “deixa isso pra lá”, de Jair Rodrigues, em que o casal indiretamente chama Simone Tebet e Ciro Gomes de “ninguém”. No MDB, o vídeo foi considerado um desrespeito.

E o debate, hein?

Depois do último confronto, tarde da noite, a avaliação geral era de que não foi ali que o eleitor silencioso e desconfiado da política definiu o seu voto. “As regras precisam mudar”, prega o cientista politico Antonio Lavareda, disposto a barrar os candidatos que menos pontuam nas pesquisas, leia-se o candidato do PTB, Padre Kelmon, que virou meme na mesma noite, depois do embate com Lula.

Dilma na área

A ex-presidente Dilma Rousseff (foto) gravou uma mensagem para os eleitores do DF: “O debate do voto útil não inclui, não pode e nem deve incluir candidatas ou candidatos bolsonaristas, porque, aí, o voto seria inútil”, afirma Dilma, numa campanha aberta por Rosilene Correia, a candidata ao Senado pelo PT, que corre o risco de perder votos para Flávia Arruda, numa campanha pelo voto útil contra a ex-ministra Damares Alves.

Por falar em DF…

Candidatos do PL para a Câmara dos Deputados estão preocupadíssimos com a perspectiva de o partido perder um caminhão de votos. É que, com o fim da candidatura de José Roberto Arruda, todos os votos dados a ele serão considerados inválidos.

Enquanto isso, na Bahia…

A curva ascendente do candidato do PT, Jeronimo Rodrigues, tem preocupado os aliados de ACM Neto. É que, em 2006, quando a eleição estava polarizada por lá, o petista Jaques Wagner começou bem atrás e venceu no primeiro turno, embalado por Lula.

… o destino prega peças/

Se houver segundo turno, ACM Neto precisará dos votos do ex-ministro João Roma, do PL, seu antigo aliado, compadre, com quem está rompido há mais de um ano e brigou feio no último debate.

Entre a intervenção e o mercado, sobraram os vouchers

ilustração de Bolsonaro com voucher
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Denise Rothenburg

A fala do ministro de Minas e Energia, Adolfo Sachsida, dizendo que quem define preço de combustível é a Petrobras, e não o governo, foi feita justamente para mandar um sinal ao mercado financeiro de que o Poder Executivo não abandonou o viés mais liberal da economia. Na área econômica, tem se repetido um mantra de que não dá para abandonar os fundamentos de defesa da economia de mercado, que ajudaram na obtenção de apoios empresariais na eleição de 2018.

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Nesse sentido, resta ao governo partir mesmo para a distribuição de vouchers aos caminhoneiros, motoristas de aplicativos, taxistas e por aí vai. Falta combinar, porém, com a legislação eleitoral, que não permite essa distribuição em ano de eleição. As exceções são para casos de calamidade e de estado de emergência. Algo que não está descartado, se for a única saída para dar um alívio aos segmentos que mais precisam dessa ajuda.

Cheque em
branco, não

Enquanto acerta o que fazer para tentar aliviar o peso do reajuste dos combustíveis na vida de caminhoneiros e motoristas, o presidente da Câmara, Arthur Lira, buscou a oposição para assuntar o que os partidos de esquerda aceitariam. As legendas não disseram nem sim nem não. Querem, primeiramente, ler tudo o que for proposto.

Se não pode ajudar…

… não atrapalhe. O Centrão e o centro juntos têm votos suficientes para aprovar qualquer proposta que ajude na redução do preço dos combustíveis, mas as consultas à oposição vêm no sentido de evitar atrasos. Se os oposicionistas sacam o “kit obstrução”, vai ser difícil aprovar os projetos no curtíssimo prazo.

Ganha-perde

A aprovação do teto do ICMS dos combustíveis bagunçou as contas do Regime de Recuperação Fiscal (RRF) do Rio de Janeiro e causou desconforto no Tesouro Nacional, um dos atores desse processo. Com a mudança do ICMS dos combustíveis, o Rio deixará de arrecadar R$ 8 bilhões, cruciais para o RRF do estado.

Roubou a cena

O programa de governo e o próprio Lula ficaram em segundo plano na reunião convocada para discutir o projeto do petista ao Planalto. O destaque nas redes foi a reclamação do vereador e ex-senador Eduardo Suplicy (PT), de que o programa de renda básica de cidadania não havia sido incluído no projeto, nem ele havia sido convidado para a reunião. Aloizio Mercadante, embora não seja o responsável direto pelos convites, levou a culpa.

CURTIDAS

Em 2023…/ A Frente Parlamentar do Empreendedorismo, capitaneada pelo deputado Marco Bertaiolli, aproveitou seu tradicional almoço para discutir a proposta do deputado Domingos Sávio (PL-MG) que cria a figura do decreto legislativo do Congresso Nacional para sustar decisão do STF que extrapole os limites constitucionais.

…vem polêmica/ Sávio discorreu sobre a proposta por meia hora e citou casos em que o STF legislou em vez de julgar. Depois da sua palestra, no almoço, os deputados comentavam, à boca pequena, não acreditar que a proposta seja debatida em 2022. Já tem confusão demais este ano.

Mas vontade existe/ Na reunião, a deputada Paula Belmonte (Cidadania-DF), por exemplo, não fugiu do debate. “O Parlamento está acovardado. Precisamos fazer com que não seja refém do STF”, disse ela, que defende mandato definido para os ministros da Suprema Corte.

Veja bem/ O momento não é considerado propício para essa discussão. Afinal, se tem algo que todos concordaram foi que o STF cumpriu o papel de assegurar a democracia e segurar radicais nos momentos de tensão.

De petistas a bolsonaristas/ O ministro Gilmar Mendes (foto), do Supremo Tribunal Federal (STF), reuniu autoridades dos mais variados governos e autoridades dos Três Poderes no jantar, por adesão, em comemoração aos seus 20 anos de Corte. O presidente do PSD, Gilberto Kassab, por exemplo, veio a Brasília especialmente para o encontro. Passaram por lá advogados ligados ao presidente Jair Bolsonaro e outros simpáticos ao PT e ao centro.