Análise política da Semana: O melhor dos dois mundos

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O melhor de dois mundos

    Mais uma semana em que o governo entra nem suspense sobre as atitudes do presidente da Câmara, Eduardo Cunha, e os pedido de impeachment recebido na semana passada. Mas, se levarmos em conta a situação dele, a tendência é aguardar mais um pouco. Cunha chegou num ponto em que, como diz o ditado, se correr o bicho pega, se ficar o bicho come. Para se manter na presidência, precisa contar com dois mundos: governo e oposição. Se ficar inclinado demais para um lado, perde o outro e, por tabela, o cargo.     Ao que tudo indica, não será está semana que ele dará sinal verde para tramitar o pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff, tudo para não perder esse frágil equilíbrio que o sustenta.

O fator Lula   Outro ingrediente que reforça a sensação de que esta semana o impeachment não sai está diretamente relacionado aos movimentos de Lula.  As declarações de Lula na semana passada, dando a Cunha o benefício da dúvida, deixaram o presidente da Câmara com a sensação de que pode contar ainda um pouco com aliados do ex-presidente. Ocorre que Lula não está tão bem ao ponto de se apresentar como alguém acima de qualquer suspeita, capaz de mover mundos e fundos em favor de Cunha. Há quem suspeite que a intenção do ex-presidente seja fazer uma troca de apoios. Afinal, as duas CPIs em curso na Câmara pretendem desgastar a imagem do petista, a de fundos de pensão e a de BNDES. Cunha tem votos e aliados nesses dois colegiados.

CPIs esquentam   Governo e oposição agora perceberam o poder de fogo das CPIs dos Fundos de Pensão e do BNDES. Esta semana, por exemplo, a CPI dos Fundos de Pensão ouvirá Eike Batista. Se ele pedir para adiar o depoimento, a ordem do presidente da Comissão, Efraim Filho, será transformar em sessão administrativa para convocar o empresário José Carlos Bumlai, o amigo de Lula. Ou seja, mais um incêndio para o governo apagar.

E a economia, hein?   Na semana passada, mais uma vez o Tribunal de Contas da União abalrroou o governo ao negar o parcelamento das “pedaladas” de 2015. Essa decisão levou a equipe econômica a admitir um rombo de R$ 79 bilhões nas contas públicas. E, cá entre nós, leitor, como escrevi na coluna Brasília-DF há alguns dias, se o governo admite rombo de R$ 79 bilhões, a possibilidade desse rombo ser maior é oceãnica.

Enquanto isso, na pauta de votações    Para tentar obter algum dinheiro, entra em pauta essa semana o projeto que regulariza os depósitos de brasileiros no exterior e permite a repatriação, mediante o pagamento de imposto. Essa proposta, aprovada na Comissão, vai a plenário nesta terça-feira e representará um teste para o governo federal depois da reforma ministerial. Até aqui, a reforma não deu sinais de ter melhorado o humor da base governista na Casa. Os vetos, que a presidente Dilma queria tanto ver mantidos, não foram votados e só voltam à pauta em 17 de novembro.

As convenções do PMDB e os movimentos de Michel     Michel fez praticamente um périplo por convenções estaduais peemedebistas. Emblemática a presença em Minas Gerais, um dos estados que o PMDB tem o vice governador. Lá, Michel  disse que o PMDB representa o equilíbrio. Para bons entendedores, ele está pronto para assumir, se for chamado. Não por acaso, Lula se reuniu com o MST em Água Branca, São Paulo. Estão todos se armando e buscando forças para as batalhas de conquista do poder. Vejamos os próximos lances.

Boa semana a todos!