Os 199 votos que o governo obteve em votação secreta para formação da Comissão Especial que analisará o pedido de abertura de impeachment deixaram o Planalto de cabelo em pé. A presidente Dilma Rousseff tem 28 votos de margem para tentar barrar a abertura. Os oposicionistas precisam de 70.
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O problema, entretanto, é que, quando chegar a hora da decisão final sobre o tema, ou seja, se a Câmara autoriza ou não o processo, a votação será aberta, no microfone central do plenário. Diante do voto transmitido pela tevê, a avaliação ontem era a de que, se o movimento de rua pró-impeachment for grande, a tendência é esses 28 votos minguarem. Por isso, os dois grupos, governo e oposição, planejam desde já percorrer o país.
Base unida
Se tem algo que une PMDB e PT hoje são as preocupações diante do que pode vir se o Ministério Público Federal fechar um acordo de delação premiada com o senador Delcídio do Amaral, que completa hoje 15 dias preso.
Picciani balança.E cai
O líder do PMDB, Leonardo Picciani, só se manteve no cargo ontem à tarde porque o governador Luiz Fernando Pezão o socorreu, mandando de volta para a Câmara os deputados Pedro Paulo e Marco Antônio Cabral, filho do ex-governador Sérgio Cabral. Assim, faltaram dois votos para que o grupo da oposição destituísse o líder. Picciani achou que a batalha estava vencida. Caiu logo depois.
Ministério por liderança
Os três deputados do PMDB de Minas Gerais recusaram a Secretaria de Aviação Civil: Newton Cardoso Júnior, Mauro Lopes e Leonardo Quintão. Se o grupo oposicionista conseguir destituir Picciani num futuro próximo, Quintão será o líder. Esse foi o jeito de os oposicionistas garantirem o apoio da bancada mineira.
“O que me preocupa é o mundo. Nada disso do que ocorre aqui hoje altera o preço da batata na feira”
Do deputado Miro Teixeira (Rede-RJ), referindo-se à disputa de poder que assola a Câmara dos Deputados, em especial, o PMDB.
E o Cunha, hein?
O presidente da Câmara, Eduardo Cunha, conforme antecipou ontem a coluna, ainda tem força. Hoje, haverá mais um movimento dos aliados dele no Conselho de Ética no sentido de tentar adiar a votação. Se conseguir, completará cinco semanas de enrolação.
CURTIDAS
Diálogos do povo/ “E aí? Vai querer nota legal?”, pergunta o responsável pelo caixa do estacionamento de um grande centro empresarial da cidade. “Nada! Sou sonegador. Tudo menos dar dinheiro para o governo.”
Versões/ Num grupo de WhatsApp, a liderança do governo tentou atribuir as urnas quebradas a seguranças da Casa que estariam a serviço de Eduardo Cunha. Diante de relatos da comentarista da CBN Rosean Kennedy, que narrou ao vivo na rádio CBN o deputado Afonso Florense tirando uma urna da parede e colocando-a virada sobre a bancada, a liderança do governo apenas registrou.
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De saída/ O ingresso do PDT de corpo e alma em defesa do mandato da presidente Dilma Rousseff levará o senador Reguffe (foto) a deixar a legenda. Para onde vai, entretanto, é um mistério. Há quem aposte que ele ficará um período sem partido, avaliando as opções.
Deixe sua mensagem após o sinal/ O ministro da Saúde, Marcelo Castro, bem que tentou falar com amigos dentro da bancada para ver se revertia alguns votos em favor da chapa 1, na qual estavam os mais governistas. Mas alguns nem sequer atenderam o telefone. No plenário, o deputado Osmar Serraglio (PMDB-RS) deixou propositalmente o celular no silencioso e não atendeu as ligações. “Hoje, não vou falar com ninguém para não precisar dizer não aos amigos.”