Coluna Brasília/DF, publicada em 30 de novembro de 2024, por Denise Rothenburg com Eduarda Esposito
Parlamentares mais ligados ao ex-presidente Jair Bolsonaro farão barulho contra a mudança na aposentadoria dos militares proposta dentro do pacote de contenção de gastos do governo. Prometem se aliar a uma parte da bancada do Distrito Federal contrária às alterações para correção do Fundo Constitucional do Distrito Federal e, de quebra, setores ligados ao serviço público.
Só para contrariar
Parte dos militares fez chegar à bancada do ex-presidente que considera que a economia com a mexida nas aposentadorias dos militares é muito pequena e, por isso, não seria necessário fazer a mudança este ano. É dali que começará a resistência ao projeto de cortes que começa a ser debatido na semana que vem.
Juros altos para ficar
Professor de economia, Otto Nogami avisa que é “praticamente impossível” os juros no Brasil ficarem abaixo de 10% no médio prazo. Em Brasília, num evento do Sindicato das micro e pequenas empresas do Estado de São Paulo (Simpi São Paulo), ele explicou que o país não tem poupança interna para se financiar e, assim, resta o capital privado que só vem com baixo risco.
Combine com Dino
Apesar de os presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), concordarem com a análise do pacote fiscal nessas três semanas antes do recesso parlamentar, tem muito deputado em “modo avião”. Há uma parcela expressiva que só aterrissa se o ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal, liberar as emendas.
Sem monocrática
Flávio Dino não pretende decidir nada sozinho. A ideia é levar ao plenário para dar força ao que sair do STF.
E sem orçamento
Apesar de divulgarem um calendário de discussões e votações da Lei Orçamentária Anual (LOA) e a Lei de diretrizes orçamentárias (LDO) para concluir o trabalho ainda este ano, o senador Eduardo Girão (PL-CE) calcula que não serão aprovadas até o recesso e isso foi planejado pelo Governo. “O tempo está apertado e acho difícil votar a LOA a tempo. Acho também que é uma estratégia do governo, até voltando para a questão das emendas, esse negócio do Dino ter segurado, é para dar o superavit que eles não têm”, deduz.
CURTIDAS
Se preserve, tá?/ Candidato favorito para suceder Arthur Lira na Presidência da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB) foi aconselhado a ser um magistrado na discussão de temas polêmicos, e só se pronunciará sobre o mérito das propostas depois da eleição. Enquanto Lira for o presidente, é ele que fala sobre pautas e projetos.
Por falar em Lira…/ Ele e Lula estão numa espécie de lua de mel. Desde que o presidente Lula chamou o comandante da Câmara para conversar, e se colocou à disposição em linha direta, não houve ruídos que abalassem a relação.
Um por todos…/ Apesar das discordâncias entre os projetos, os deputados e senadores vão se unir para garantir sua imunidade parlamentar. À direita e à esquerda, a avaliação geral é a de que o direito de usar a tribuna é sagrado no que se refere a opiniões.
… todos por um/ “Lira deixou bem claro que está colocando todo o jurídico dessa Casa à serviço dos dois parlamentares — Marcel Van Hattem (Novo-RS) e Mauricio Marcon (Podemos-RS) —. E a fala dele, por si só, contempla a necessidade da gente se afirmar perante o Judiciário, a Polícia Federal e o STF. Estaremos unidos, independentemente das nossas facções ideológicas. A gente vai estar unido em defesa do que é prerrogativa nossa e do parlamento”, afirmou a deputada Dra. Mayra Pinheiro (PL-CE).