A parceria de Sidônio e Janja

Publicado em coluna Brasília-DF
Crédito: Caio Gomez

Blog da Denise publicado em 8 de janeiro de 2025, por Denise Rothenburg com Eduarda Esposito

O publicitário Sidônio Palmeira chega à comunicação do governo com o aval da primeira-dama Janja para reforçar o time. Ninguém se esquece de que, diante de negativa do ex-presidente Jair Bolsonaro de entregar a faixa presidencial a Luiz Inácio Lula da Silva, foi de Janja a ideia de subir a rampa com representantes da sociedade, na solenidade de posse de janeiro de 2023. Sidônio gostou. De perfil conciliador, tentará organizar os núcleos da comunicação governamental, algo que o político Paulo Pimenta tinha dificuldades de fazer, uma vez que, forjado na luta das tendências internas do PT por espaço de poder, não via como uma prioridade acabar com a dissonância.

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Sidônio terá, ainda, a tarefa de mapear em cada ministério uma boa nova para apresentar ao cidadão-contribuinte-eleitor. Com o olhar publicitário, verá o que funciona e o que precisa ser ajustado. De quebra, será um termômetro para Lula ter clareza de como está cada pasta, para saber o que discutir com os partidos na hora de negociar a etapa da reforma ministerial com aliados (leia mais aqui no Blog).

Onde mora o perigo

A inflação continuará como o calcanhar de Aquiles do governo neste ano. Com o dólar acima dos R$ 6 e as empresas com custos atrelados à moeda norte-americana, a tendência é de aumento de preços nesta largada de 2025, pressionando ainda mais o orçamento das famílias.

Gatos escaldados…

Nem o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), nem o da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), fizeram muita força para comparecer ao evento que marcará o 8 de janeiro. Além das razões pessoais, têm um motivo político. O fato de o governo Lula puxar a solenidade para si, desde o ano passado.

… têm medo de água fria

Aliados de ambos consideram que, em 2024, o governo Lula puxou o evento para o PT e o Poder Executivo. Ainda que o palco principal tenha sido o Salão Negro do Congresso, o Poder Executivo comandou a organização. O Supremo Tribunal Federal (STF), por sua vez, terá sua própria solenidade, na tarde de hoje.

Baixa na equipe

O advogado Daniel Loria, da equipe do secretário Bernard Appy, acaba de deixar a diretoria de programas da Secretaria Extraordinária da Reforma Tributária do Ministério da Fazenda. Ele trabalhava diretamente na área responsável pela reforma da renda, prioridade de Appy nesta segunda metade do governo. Sua saída estava acertada desde o final de 2024, mas sempre é ruim perder quem tem a memória de trabalho estratégico para o projeto governamental.

CURTIDAS

Crédito: Geraldo Magela/Agência Senado

Deixa quieto/ O Congresso não fará nada para marcar o 8 de janeiro. Afinal, ali governistas convivem com aqueles deputados e senadores que defendem a anistia dos envolvidos naquela tarde de quebra-quebra nas sedes dos Três Poderes. O representante do Senado será o vice-presidente da Casa, Veneziano Vital do Rego (MDB-PB, foto).

2025 de intrigas I/ O cientista político Horácio Ramalho avalia que o governo precisa aprovar, rapidamente, o orçamento ou os problemas, que não são poucos, vão se agravar.

2025 de inrigas II/ Hoje, as incertezas estão concentradas em três frentes: emendas, eleições das mesas diretoras da Câmara e do Senado e o uso do STF pelo Poder Executivo como mecanismo de governabilidade. “Essa situação, a longo prazo, pode levar o Senado a adotar uma postura mais reativa ao STF”, alerta Ramalho.