Coluna Brasília/DF, publicada em 15 de janeiro de 2025, por Denise Rothenburg com Eduarda Esposito
O brasileiro verá, nos próximos dois anos, um estica e puxa entre as várias forças políticas, tentando hastear a bandeira da democracia que embalou a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva, em 2022. Da parte do centro, a tentativa de tomar essa flâmula das mãos dos petistas começa hoje, com o aniversário de 40 anos da eleição de Tancredo Neves. Ex-presidente do PSDB e adversário de Dilma Rousseff em 2014, o deputado Aécio Neves (MG) lembrou, na entrevista ao Correio publicada na página 2 de hoje, que sempre que o PT percebia alguma desvantagem para seu espaço político, ficava contra os movimentos — tais como na eleição no colégio eleitoral, em janeiro de 1985, e nas medidas de fundação do Plano Real, em 1993, que permitiram a mudança da moeda, em 1994. Esses são pontos que o PSDB e seus aliados prometem explorar, daqui para frente, para mostrar que o PT não topou se aliar a outros para derrotar o regime de exceção de 1964.
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Lula já fez um meia culpa, como o próprio Aécio lembra na entrevista ao Correio. Porém, a história fará parte do discurso do centro daqui para frente. A ordem é não deixar a defesa da democracia, conforme discursarão muitos nos próximos dias e meses, como um ativo do governo e do partido do presidente.
Estações separadas
O publicitário Sidônio Palmeira assumiu a Secretaria de Comunicação do Planalto com a missão de dar visibilidade aos programas do governo. A resolução dos outros problemas, porém, não terá como interferir: orçamento de 2025, emendas parlamentares, inflação e reforma ministerial. Se esses pontos não forem resolvidos no curto prazo, não terá comunicador que dê jeito.
Diferenças
Paulo Pimenta, o ministro que se despediu, saiu defendendo o PT. Sidônio, que entrou, coloca-se como um técnico, sem filiação partidária. É um sinal de que, no quesito comunicação, o governo adotará a neutralidade e olhará a Esplanada como um todo.
Ainda não acabou
A ofensiva contra as bets deve continuar este ano, mesmo com a regulamentação em vigor desde 1° janeiro. É que o vício de muitos brasileiros tem preocupado parlamentares e há vários voltados para a necessidade de prevenção. O deputado Yuri do Paredão (MDB-CE), por exemplo, protocolou um projeto prevê que as plataformas de apostas alertem os usuários sobre os riscos de malefícios à saúde. “O objetivo é aumentar a conscientização sobre os danos do vício em apostas, que podem levar ao endividamento e a sérios problemas emocionais”, observa
CURTIDAS
Venha…/ Tanto o ex-presidente Jair Bolsonaro, do PL, quanto o governador de Goiás, Ronaldo Caiado, do União Brasil, querem Gusttavo Lima em seus respectivos partidos. Bolsonaro lançou o cantor sertanejo ao Senado. Caiado, ao governo de Goiás.
… e baixe a bola/ Ambos, Caiado e Bolsonaro, têm um único objetivo: tirar Gusttavo Lima da corrida presidencial de 2026. E até aqui, conforme avisam amigos do cantor, nada está descartado.
A Bahia tem um jeito…/ Além de Rui Costa, da Casa Civil, Sidônio Palmeira também é baiano. No rol de “ministros da casa”, como são chamados os ministros palacianos, à exceção de Alexandre Padilha (Relações Institucionais, foto), todos são nordestinos.
Presença/ Os ministros Silvio Costa Filho (Portos e Aeroportos) e Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário) vão ao sepultamento do ex-senador Benedito de Lira.
Tal pai, tal filho/ O Congresso decretou luto oficial de três dias pelo falecimento do prefeito de Barra de São Miguel, Benedito de Lira, aos 82 anos. Foi o mais votado, em 2010, para o Senado. Depois de oito anos, perdeu, mas não desistiu. Sabia levantar a cabeça e seguir em frente. Seu filho, o deputado Arthur Lira (PP-AL), segue esse legado. A coluna registra aqui os sentimentos à família.