O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, comemorou discretamente o resultado do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). É que no colegiado que julgou e absolveu a chapa Dilma-Temer houve uma unanimidade: Nenhum dos ministros refutou totalmente a existência de algo podre no reino dos partidos políticos e na relação das empresas privadas com o poder público. Todos fizeram questão de afirmar que tudo o que foi desvendado até agora é grave, porém, deve ser analisado por outra corte, a criminal. Leia-se, o Supremo Tribunal Federal para os que têm foro e a primeira instância para quem não tem (aliás, lá em Curitiba, já há muitos cumprindo pena).
A avaliação de muitos é a de que o próprio ministro Gilmar Mendes reforçou esse sentimento ao proferir o seu voto,. O ministro Tarcísio Vieira de Carvalho Neto idem. Portanto, caberá aos onze ministros do STF, capitaneados atualmente pela ministra Cármen Lucia cuidarem desse serviço.
O próprio governo do presidente Michel Temer tem consciência dessa situação. Por isso, dedica toda a atenção ao Congresso, que precisa conceder licença para que um presidente da República seja processado por crimes cometidos no mandato. Ali, o presidente hoje reina. Tem maioria e capacidade política para segurá-la. Bem diferente de Dilma Rousseff, que perdeu o cargo porque não conseguiu preservar a sua base.
No STF, entretanto, a batida é diferente. Há quem diga que, se Temer insistir em intimidar o ministro Edson Fachin, O desenho resultará numa maioria de ministros contra o chefe do Poder Executivo. Hoje, para salvar Temer, o colegiado do TSE adotou, conforme avaliação do relator Herman Benjamin, o papel de “coveiro das provas”. Porém, diferentemente do que está dito na passagem bíblica, conseguiram a proeza da ressurreição simultânea, que marca a partir de hoje, o início da próxima temporada. Essa série está longe de terminar.