Comemore com moderação: o efeito do álcool é pior em idosos

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Foto: Reuters/Eric Gaillard

Os brindes de fim de ano podem acabar com a festa de quem passou dos 65. Isso se copos e taças estiverem cheios de álcool. Especialistas alertam que os efeitos da droga são potencializados em idosos. Poucas doses são suficientes para o surgimento de sintomas comuns da embriaguez, como tontura e perda dos reflexos — uma combinação que facilita a ocorrência de quedas. Além disso, a ressaca é diferente: pior e duradoura.

“As alterações próprias do envelhecimento, como aumento da gordura e redução do metabolismo do fígado e da água corporal, fazem com que o nível de toxicidade do álcool seja maior e que ele fique mais tempo no corpo”, explica Theodora Karnakis, geriatra do Hospital Sírio-Libanês e da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP).

Segundo a médica, como é menos resistente à droga, o idoso pode sofrer complicações ainda mais graves após um único episódio de ingestão exagerada de álcool. São comuns casos de descontrole da pressão arterial, desidratação e instabilidade emocional.

Esses problemas podem ocorrer devido à combinação da droga com medicamentos de uso contínuo. Em média, um idoso ingere de três a quatro remédios diariamente, como anti-hipertensivos, analgésicos, anti-histamínico e antidepressivos. A presença de álcool no corpo tanto pode aumentar quanto diminuir a ação dos medicamentos. “Isso exacerba efeitos como sedação, sonolência, perda de coordenação motora e de memória e expõe o indivíduo a maior risco de acidentes, intoxicação e até mesmo morte”, alerta Clóvis Cechinel, geriatra que integra o corpo clínico do Laboratório Exame, em Brasília.

Cuidados

A principal dica para não deixar o álcool comprometer as festas de fim de ano é consumi-lo com moderação. Theodora Karnakis sugere que o idoso não ultrapasse quatro doses e as combine com a ingestão de água. “Tomar um ou dois copos de vinho em uma festa não é problema. O risco é se isso virar rotina”, alerta a médica. “Se a pessoa não tiver o hábito, é bom que ela beba perto de alguém que conheça e confie.”

Os cuidados devem continuar no dia seguinte à festa. É preciso manter a ingestão de líquidos, como sucos naturais e água de coco, e se alimentar adequadamente. “Evite o jejum e faça refeições leves, escolhendo alimentos que ajudem na reposição de líquido, como frutas e legumes cozidos”, ensina Clóvis Cechinel. Segundo o médico, a expulsão total do álcool pode durar até 12 horas. “O ideal é descansar enquanto o corpo trabalha para eliminá-lo.”

Carmen Souza

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