O assunto da semana? É o atendimento na emergência dos hospitais privados do Distrito Federal. Pra socorrer o enfermo, eles exigem garantia contra calotes. Pedem cheque preenchido com o possível valor do tratamento. É aí que a porca torce o rabo. De um lado, nem todos têm talonário (objeto meio fora de moda). De outro, muitos estão desprevenidos. Na hora do sufoco, saem de casa correndo. Deixam documentos & cia. pra trás.
Como diz o outro, um dia a casa cai. E caiu. Duas pessoas morreram. Uma delas, membro do alto escalão do governo federal. O abuso veio à tona. Virou manchete de jornais, rádios e tevês. O xis da questão: instituições cuja função é salvar vidas omitem socorro. Projeto de lei que pune o descaso foi aprovado às pressas no Congresso. Depois de sancionada a lei, a prática torna-se crime. Vai pro xilindró e pagará multa quem exigir cheque-caução & similares.
Resolvido o problema legal, pintou outro — o linguístico. A moçada deita e rola na troca de letras. Caução sofre o mesmo mal de cauda. Ao menor descuido, o I toma o lugar do u. Resultado: caução vira calção; cauda, calda. Explica-se: a pronúncia das duplas é a mesma. Aí, não dá outra. As pobrezinhas apanham mais que mulher de malandro antes do movimento feminista, da delegacia da mulher e da Lei Maria da Penha. O jeito? É consultar o dicionário.
Ali está a grafia nota 10. Caução é precaução, cautela. Calção, o traje masculino. Cauda, o rabo do cachorro, do gato, do peixe e da bicharada em geral. É, também, a parte do vestido que se arrasta pra trás. Ou o prolongamento do piano. No fundo, os significados têm um denomindor comum — o alongamento traseiro. Calda é o sumo gostosinho fervido com açúcar e água. Quem resiste a uma calda de chocolate quentinha sobre o sorvete? Só louco. Ou quem acredita que o bom engorda, faz mal ou é pecado. Xô!