“DEM lança Solange e Cesar vai ao ataque”, escreveu O Globo na capa. Leitores bem-informados estranharam. O Democratas tem dois candidatos? Voltaram ao texto. Só então descobriram que a história é outra. O repórter tropeçou na pontuação. Faltou a vírgula antes do e.
Vírgula antes do e? Em geral, não. Mas, num caso, a conjunção pede o sinal. Só num caso. Impõe, então duas condições:
1. unir orações com sujeitos diferentes
2. numa leitura rápida, provocar confusão
DEM lança Solange e Cesar vai ao ataque.
Percebeu? O período tem duas orações com sujeitos diferentes. Um é DEM. O outro, César. Uma leitura rápida dá a impressão de que o DEM lançou Solange e Cesar. Nada feito. A ambigüdade é pecado mortal. A vírgula salva o condenado das chamas do inferno: DEM lança Solange, e Cesar vai ao ataque.
Mais exemplos? Ei-los:
O Iraque atacou o Kuweit, e os Estados Unidos reagiram.
João Marcelo cumprimentou o professor, e Rafael correu atrás.