O deputado presidiário Natan Donadon não deixou por menos. Ao escapar da cassação, entrou com requerimento na Câmara. Queria reaver salário e vantagens recebidas pelos colegas. Não… ops! Reaveu? Reouve? Eta verbinho traiçoeiro. Ele dá a impressão de ser filhote de ver. Não é. O paizão da criatura é haver. Reaver significa nada mais, nada menos que isto: haver de novo.
Conjugar ser tão ardiloso é tarefa de profissionais. Além de enganador, ele é pra lá de preguiçoso. Flexiona-se como haver. Mas só nas formas em que o v se mantém. No presente do primitivo, por exemplo, temos hei, hás, há, havemos, haveis, hão. Só o nós e o vós exibem o v. As duas pessoas figuram no reaver: reavemos, reaveis. As demais não têm vez. Xô!
Voltemos a Donadon. Ele não … Como diz o esquartejador, vamos por partes. Comecemos pelo pretérito perfeito de haver (houve, houvemos, houveram). Todas as pessoas exibem o v. O reaver vai atrás: Ele não reouve as vantagens requeridas.