Tudo muda? Sim, graças aos deuses, nenhum rio passa duas vezes sob a mesma ponte. Movimento é a ordem. Exemplos? O dia dá lugar à noite. A primavera, ao verão; o verão, ao outrono; o outono, ao inverno. A estiagem prepara a chegada da chuva. A água corre. Se ficar parada, apodrece. Esperta, a Lua varia de fases e de cara.
Nós, que de poste não temos nada, seguimos a regra. Variamos o cabelo, a roupa, os sapatos, a comida, a cor do batom e do esmalte. Escolhemos roteiros diferentes para viagens. Fazemos novos amigos. E vamos às urnas a cada dois anos. Abrem-se, então, as portas para caras novas. O verbo eleger entra em cartaz. Não é por acaso. Adepto ao troca-troca, ele mascara a aparência. A letra g, como quem não quer nada, vira j.
Por quê? Em todos os tempos e modos, a pronúncia tem de ser gê. Mas, quando o g é seguido de a ou o, a confusão pede passagem. Soa ga, go (elego, elega). O jeito? Vem, j: elejo, elege, elegemos, elegem; que eu eleja, nós elejamos, eles elejam.