O deputado pode se defender. O primeiro argumento: a informalidade. A mensagem se dirigia a amigo do peito. Aí, vale a voz do coração, não da razão. O segundo: os antecedentes. Textos publicitários recorreram à mistureba. É o caso do “Vem (tu) pra Caixa você também”.
Artistas apelam pra licença poética. Vale o exemplo de Manuel Bandeira. Em “Irene no céu”, o diálogo entre o porteiro da casa do Senhor e a humilde recém-chegada apaga as fronteiras entre o você e o tu: “Imagino Irene entrando no céu: / —Licença, meu branco? / E São Pedro bonachão: / Entra (tu), Irene. / Você não precisa pedir licença”.
Se há precedentes, por que Vaccarezza apanhou de gregos e troianos? No duro, no duro, ele não bateu só na língua. Bateu na ética. Deu a impressão de que joga no time adversário do eleitor. A manobra tem nome: traição.