Que pena! Brasileiros, franceses, alemães, italianos e tantos outros embarcaram no voo 447. Desembarcariam em Paris. De lá, cada um tomaria o rumo. Mas, como diz o outro, o homem põe e Deus dispõe. Os 228 passageiros ficaram no caminho. Entre eles, o maestro Silvio Barbato. Ele regeu a orquestra sinfônica de Brasília. Durante 12 anos, espalhou charme e alegria pela cidade. Esteja onde estiver, estará entre cordas, sopros, teclados e percussões.
O avião partiu e não chegou. Também não mandou nenhum sinal de alerta. A falta de contato acendeu a luz vermelha das autoridades. Aeronaves de socorro, helicópteros e paraquedistas se dirigiram para o possível lugar onde teria ocorrido o acidente. A tragédia obrigou repórteres a dar notícias em tempo real. Foi um deus nos acuda. Faltava tempo. Sobravam dúvidas. Vamos a algumas?
Nova grafia 1
Ao falar em voo, veio ao ar a reforma ortográfica. O hiato oo perdeu o chapéu. Abençoo, perdoo, coroo & demais oos escrevem-se sem lenço nem documento. Livres e soltos, ocupam páginas de jornais e telas de tevês.
Nova grafia 2
Paraquedas também entrou nas reportagens. Antes das mudanças, a palavra se escrevia como as irmãzinhas delas. Com hífen. Os acadêmicos cassaram o tracinho dela, mas o mantiveram nos demais membros da família. Compare: paraquedas, para-choque, para-brisa, para-lama, para-raios. E por aí vai.
Nova grafia 3
Ontem de manhã, apareceu uma boia laranja no mar. Seria do avião da Air France? Não havia certeza. A única certeza é esta. Boia também entrou na farra do troca-troca da grafia. Paroxítona em que figura o ditongo aberto oi, perdeu o grampinho. O mesmo sucedeu com o ditongo aberto ei. Por isso, doravante, boia, joia, jiboia, heroico, ideia, assembleia, plateia aparecem peladões. Sem o agudo.
Olho vivo! A reforma atingiu só as paroxítonas. As oxítonas e monossílabos tônicos continuam como dantes no quartel de Abrantes. Valem os exemplos de herói, destrói, corrói, dói, papéis e coronéis.