A unanimidade é burra? Nelson Rodrigues jurava que sim. Mas, como toda regra tem exceção, Hebe é uma delas. A loura não poupava gargalhadas nem brilhos. Pescoço, orelhas, mãos, dedos carregavam gargantilhas, brincos, pulseiras e anéis enormes, exagerados, com pedras que luziam e fascinavam pobres e ricos. Sentar-se no sofá da loura era sinônimo de carinho e generosos elogios.
Muitos a qualificavam de brega. Ela respondia com gostosas risadas. Um dia, quis saber a origem do adjetivo. Explicaram-lhe. É possível que tenha vindo do português antigo bregado. Na língua de Camões, o trissílabo nomeava pão velho, duro, que ninguém quer comer. Por extensão, passou a designar pessoa antiquada, fora de moda — matusalém, como dizem os personagens de Avenida Brasil. Em bom português: brega é o contrário de chique, elegante, moderno.