Saudade, saudades

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“Já começo a sentir saudades”, repetiu Francisco um montão de vezes no discurso de despedida. Foram duas surpresas. Uma: oba! O papa conhece a portuguesíssima palavra que, dizem, não tem tradução. E a empregou como manda o dicionário. A outra: que susto! Sua Santidade tropeçou no plural? No singular, saudade não daria o recado? Daria. O s não se impõe. Sobra. Mas não rouba pontos do pontífice.

O mesmo ocorre com ciúmes. Basta ciúme. Mas exagerados não se conformam com o suficiente. Preferem ir além. Acham que só o plural dá a dimensão do sentimento que lhes rouba a paz e a autoestima. A língua lhes estende a mão. Que aproveitem.

Por falar nela…

Casimiro de Abreu, em 1859, publicou o poema “Meus oito anos”. Estudantes de ontem e de hoje conhecem a primeira estrofe de cor e salteado. Lembra-se? Ei-la:

Oh! que saudades que tenho Da aurora da minha vida, Da minha infância querida Que os anos não trazem mais!