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“A gastronomia é o ponto número 1 do restaurante. Mas você não pode esquecer que é lá também que as pessoas pedem as outras em casamento, se conhecem, fecham negócios, põem a vida em dia.” O trecho, extraído da entrevista de Rogério Fasano à Veja, é o óbvio do óbvio. Vamos a restaurante para comer, bater-papo, ver gente.
Escolhe-se esta ou aquela casa pela qualidade da comida, serviço oferecido, ambiente acolhedor. Não importa se as toalhas são de plástico ou de algodão egípcio, se os talheres são de inox ou de prata, se as taças são de vidro ou de cristal, se os pratos são de cerâmica ou de porcelana. Numa e noutra, a comida é a vedete. Luxo e simplicidade se refletem no preço.
Aí reside o xis da questão. Reataurantes de Brasília perderam o foco. Confundem-se com discotecas. Em vez do pianinho discreto, instalaram caixas de som próximas às mesas e selecionaram músicas eletrônicas. Alguns contrataram DJ. Outros, conjuntos musicais. Resultado: o barulho tomou a vez das palavras. Pra serem escutados, os clientes falam alto, mais alto, mais alto. Gritam. O salão vira babel.
Se alguém reclama, ouve do garçom desculpa ensaiada: “O som é central. Vou ver o que posso fazer”. Fala com um e com outro. O um e o outro se movimentam pra lá e pra cá. Nada acontece. O barulho ensurdecedor torna-se também emudecedor. E daí? Outro dia, um casal deixou a comida no prato e se retirou sem pagar. Outro foi além. Não pagou. E exigiu indenização.
A toda ação corresponde uma reação. O modismo criou defesas. Gente que vai a restaurante para comer e conversar não quer correr riscos. Telefona antes. Em vez de perguntar se há mesa disponível, pergunta:
— Tem música?
Se a resposta for positiva, parte pra outra. Pra outra. E pra outra. Outro dia, um amigo convidou uma colega pra jantar:
— Onde?, perguntou ela.
— Em qualquer restaurante que não tenha música.